A primeira vez que o Engenho Doces da Cana expôs seus produtos em Fortaleza já foi um sucesso. É o que lembra Vilmara Noronha Façanha da participação na Exposição Agropecuária e Industrial do Estado do Ceará (Expoece) há dezoito anos.
“A gente começou a fazer rapadura, caldo de cana. Aí a pessoas começaram a pedir a rapadura 'puxada', molinha, mas não tinha vasilhame. Aí a gente teve a ideia de pegar uma quenga de coco, puxar a rapadura dentro e colocar uma colher feita da própria cana. Fomos os primeiros, e depois muita gente começou a fazer igual”, conta a produtora.
Vilmara administra o engenho ao lado do marido, que entrou no ramo inspirado pelo pai e pelo avô. O 'puxa no coco' é o carro chefe da casa de engenho montada na feira de produtores. Toda a produção da rapadura é feita diretamente no local.
Ela lembra que ela e o marido foram relutantes a começar a expor na feira e até recusaram inicialmente a proposta. Os produtores foram convencidos e viram o faturamento crescer em 30%.
O negócio ganhou escala e, nos últimos anos, os produtos do Doces da Cana começaram a ser distribuídos na rede de supermercados Cometa.
Apesar do crescimento, a família faz questão de manter a produção entre a família. A confecção em Pindoretama envolve apenas cinco pessoas.
"Toda família está trabalhando junta. É uma sensação de continuidade, de um legado familiar. É como se a gente não deixasse morrer a memória dos nossos antepassados. É muito gratificante"
PAIXÃO QUE PASSA POR GERAÇÕES
Airton Regis Braga Araújo, de 31 anos, também é frequentador da Expoece desde os anos 2000. Na época, ele visitava o evento com a família como passeio. Agora, é um dos expositores.
"Eu sou filho de mulher do campo, ando aqui desde a barriga da minha mãe. Sempre tive paixão por animais, a minha infância foi diferente de muitas crianças, sem videogame. Meu sonho era montar uma fazenda", conta.
Há seis anos, ele teve a oportunidade de concretizar o sonho na Fazenda Juazeiro, com a criação de centenas de gado guzerá leiteiro. A raça milenar de origem indiana se adaptou ao semiárido nordestino, com uma boa produção de leite.
“O objetivo é continuar o trabalho genético da raça e promover a venda de animais, para melhorar os rebanhos dos produtores rurais no nosso Brasil e nosso Ceará”, comenta.
A fazenda expôs alguns animais nesta edição da Expoece e foi bem-sucedida na venda do único guzerá que estava a venda, negociado por R$ 20 mil.
A feira, que reuniu os principais players do setor agropecuário do Nordeste, ocorreu no Parque de Exposições Governador César Cals, em Fortaleza, e foi encerrada no domingo (17).