O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) subiu 0,51% em julho de 2023 no Brasil em relação ao mês anterior. O cálculo, feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) mostra que os preços, após a queda de 0,48% em junho e a de 0,06% em maio, retomaram a tendência de alta.
Apesar do aumento — o que não acontecia desde abril — foi a menor elevação do Ivar neste ano. Janeiro segue como o recordista em 2023, somando alta de 4,20% em relação a dezembro de 2022. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice desacelerou em julho, chegando a 7,37%.
O Ivar realiza a pesquisa utilizando informações obtidas de contratos assinados entre locadores e locatários sob intermediação de empresas administradoras de imóveis. Quatro capitais são analisadas para a divulgação do índice: Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).
Apesar de Fortaleza não estar na pesquisa, o índice é utilizado muitas vezes por donos de imóveis para reajustar os aluguéis da cidade.
JUROS E INFLAÇÃO COMO DETERMINANTES
Em um cenário de transição econômica como o atual do Brasil, a perspectiva para os próximos meses segue incerta em um plano geral. Segundo especialistas, porém, outros fatores podem contribuir para um certo otimismo daqui em diante.
Para Paulo Picchetti, coordenador do programa de Índice de Preços ao Consumidor (IPC Brasil) do FGV Ibre, o valor dos imóveis residenciais para compra, que em Fortaleza bateu recorde em julho de acordo com o FipeZap+, aliado à compensação devido à pandemia de Covid-19, surgem como causadores desse aumento dos aluguéis no Brasil.
“A continuidade da reposição dos valores históricos após a queda durante os anos de pandemia. Os preços dos imóveis residenciais tem subido, também influenciando os valores dos aluguéis. Finalmente, a recuperação da renda e do emprego nos últimos meses torna esses aumentos dos aluguéis possíveis”, explicita.
O coordenador do IPC Brasil ainda aconselha os consumidores a atentarem para o mercado de aluguéis em todo o País. As dicas incluem:
- Procurar alternativas aos imóveis desejados;
- Monitorar o mercado regional. Se a procura de imóveis está muito alta, isso tende a favorecer os proprietários na negociação;
- Atentar para imóveis cujos proprietários também sejam os locatários para negociação direta;
- Negociar com os locatários o reajuste do aluguel a partir de índices que não tenham tido muita variação nos últimos meses.
Apesar do prognóstico de possíveis aumentos nos próximos meses, Picchetti acredita que, com o controle da inflação e a redução das taxas de juros, como a Selic, que caiu 0,5 ponto percentual no início de agosto, o preço dos aluguéis possa ter maiores desacelerações em 2023.
“Ainda existe um espaço para a recomposição dos valores históricos, porém isso deve acontecer de forma mais lenta a partir de agora, uma vez que os índices de inflação que servem de indexadores dos reajustes previstos em contrato estão com tendência de queda”, pondera.
Com a queda nas taxas de juros, o custo de aquisição dos imóveis residenciais tende a cair, aumentando a procura pela casa própria. Isso cria uma pressão menor no mercado de aluguéis, o que deve resultar em uma desaceleração no ritmo de aumento dos valores de aluguéis.