Com aumento previsto nos combustíveis, álcool volta a ser vantajoso no País; como fica no Ceará

O etanol é vantajoso sempre que o preço nas bombas é igual ou menor a 70% do valor da gasolina, proporção que ocorre com o aumento de até R$ 0,69 a partir de março

A gasolina e o etanol devem ficar mais caros a partir do dia 1º de março, quando vence a MP que desonerava os tributos federais desses combustíveis. A previsão é de um aumento de pelo menos R$ 0,69 para a gasolina e de R$ 0,24 para o álcool. 

Considerando os preços registrados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na semana entre 12 e 18 de fevereiro, com essa alta, o etanol volta a ser vantajoso considerando a média de preços nacionais. 

De acordo com simulação feita pela pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) Carla Ferreira, a gasolina passaria a custar R$5,76 e o etanol R$4,04 na média nacional. Com esses valores, a proporção do preço do etanol em relação a gasolina passaria de 75% para 70%.  

Comparando os preços médios no Ceará, contudo, a proporção permanece favorecendo o combustível à base de petróleo. Também considerando os dados da ANP na semana passada, os preços no Estado ficariam em média R$ 6,40 para a gasolina e R$ 4,84 para o etanol, resultando em uma proporção de 75%. 

Etanol ou gasolina 

Por ter uma menor capacidade energética, o etanol só é mais vantajoso que a gasolina quando o preço cobrado nas bombas corresponde a 70% do valor do combustível à base de petróleo.  

Carla ressalta que, como a reoneração do etanol é menor que a da gasolina, a proporção passa a ser vantajosa em algumas partes do país. 

Com essa reoneração, se a gente considerar nessa simulação os preços médios nacionais, o etanol volta a compensar em relação à gasolina. É por isso até que os produtores de etanol têm demandado muito que tenha essa retomada dos tributos"
Carla Ferreira
Pesquisadora do Ineep

A conta não fecha no Ceará. Contudo, o motorista que economizar deve se manter atento nos preços e fazer o cálculo na hora de abastecer, a fim de escolher a melhor opção.  

Reoneração dos combustíveis 

A desoneração do PIS, Cofins e Cide sobre os combustíveis foi aprovada pelo então presidente Jair Bolsonaro em junho do ano passado, como uma forma de conter a disparada dos preços nos postos em meio à alta internacional no valor do barril de petróleo e no dólar. 

A medida valia até o final de dezembro, mas foi renovada por Lula logo no início do novo governo. Na medida provisória assinada pelo atual presidente, a desoneração da gasolina e do etanol foi mantida por 60 dias e a do diesel e do GLP até o final de dezembro deste ano. 

A retomada da cobrança dos tributos é importante para o governo, diante do déficit fiscal previsto em mais de R$ 200 bilhões este ano. O Ministério da Fazenda calcula que a reoneração sobre a gasolina e o etanol retornaria R$ 28,9 bilhões aos cofres da União em 2023. 

Apesar disso, o consumidor sentirá no bolso a diferença. Esse aumento motivado pela reoneração dos combustíveis pode acabar sendo ainda maior na ponta, já que distribuidores e postos podem utilizar esse momento para recuperar margem de lucro, repassando preços ainda mais altos aos consumidores.  

Mesmo com a alta, a projeção é que a média de preços nacional fique semelhante ao valor que era cobrado pelos combustíveis em agosto do ano passado, em comparação com os dados disponibilizados pela ANP.