O avanço do e-commerce e a necessidade de estar mais próximo do cliente levou a uma maior procura por condomínios logísticos de alto padrão no Ceará. O segmento registrou recordes nacionalmente em 2021 e o estado acompanha a tendência.
Levantamento da JLL, empresa que monitora o mercado de condomínios logísticos de alto padrão desde 2012, mostra que houve uma absorção de 3,2 milhões de m² em todo o país. A projeção para este ano é que mais 2,9 milhões m² entrem no mercado – 48,4 mil deles no Ceará.
Apesar de o mercado cearense ainda ser pequeno diante do nacional, a chegada da Amazon demontra um potencial de crescimento. Conforme dados da SiiLa, que também monitora o mercado, a taxa de vacância atual no estado é zero para os equipamentos padrão A e A+.
Condomínios logísticos de alto padrão
Os equipamentos logísticos de alto padrão têm se tornado maioria dentre os novos lançamentos no estado. Esse tipo de estrutura é necessária para a operação de empresas globais e empresas nacionais de grande porte.
Para ser considerado um condomínio logístico de alto padrão, há alguns critérios, como ter pé direito de 10 a 12 metros, piso nivelado a laser e capacidade de comportar pelo menos 6 toneladas por m². Ter um piso nivelado a laser possibilita uma operação mais robotizada, com mais segurança para empilhadeiras, explica o diretor da divisão Industrial e Logística da JLL, Ricardo Hirata.
Além dessas especificações técnicas, o espaço precisa ter certificados de sustentabilidade, como de economia de água e energética, para ser considerado de alto padrão.
A maior procura é por empresas de transporte logístico, não é diferente no Nordeste nem no Brasil. Esse segmento acaba atendendo empresas de e-commerce e outros. Depois e-commerce, varejo e bens de consumo que fazem alocações por conta própria
De acordo com o CEO da SiiLa, Giancarlo Nicastro, as construções são feitas nas determinações para um condomínio padrão A e depois buscam certificações para se tornarem A+. Ele analisa que esse padrão é preferido por empresas que vem para o estado.
“Quem estava indo explorar o Ceará já estava buscando uma qualidade no ativo. Quando a gente fala de empreendimentos de alto padrão, quando tem uma crise eles são os que mais performam. Quando compara preço eles diminuem [de preço], mas a qualidade é superior”, diz.
Baixa vacância
Ricardo Hirata explica que o mercado passa há 5 anos por uma tendência de redução nas taxas de vacância, diante da necessidade de entregar produtos de forma mais rápida para o consumidor.
“Fortaleza teve o movimento da Amazon implantando o CD, demandado pelo aumento das vendas online. Ainda é um mercado pequeno, mas a tendência é que se aumente a busca de capacidade consultiva na região, com busca de novos terrenos”, avalia.
Hoje empresas que querem instalar centros de distribuição no Ceará precisam esperar a construção de novas estruturas. Dos 48,4 mil m² previstos para o segundo trimestre de 2022, 15 mil m² já estão pré-locados, conforme a JLL.
Hoje a taxa está praticamente 0%, se você quiser se instalar em algum galpão no Ceará, de alto padrão não existe nenhum pedacinho para colocar a operação
Segundo ele, a baixa disponibilidade imediata não impede a chegada de novas empresas ao estado.
“Se o mercado tiver aquecido, isso atrai mais investidor. Se esgotou o estoque, constrói mais porque tem chance de alugar. Isso atrai mais investimento. É um impedimento imediato, não tem para amanhã. Mas esse tipo de propriedade se constrói de 4 a 6 meses, com a demanda tem a possibilidade de entregar em um curto espaço de tempo”, coloca.
Espaço para crescimento
Ao contrário do mercado do sudeste, já bastante desenvolvido, há ainda bastante espaço para o mercado logístico nordestino crescer. Conforme Giancarlo, o Ceará deve seguir uma trajetória diferente da tendência nacional.
“Ceará deve continuar justamente por estar em níveis muito baixos de taxa de vacância. Como não tem grande projeção de estoque para chegar, tem uma alta demanda. Quando olha Brasil, o cenário é um pouco diferente. Temos projeção de entrega de 3,4 milhões, mas existe uma concentração muito grande em São Paulo. Quando se entrega muito em um mercado limitado, a chance de ter uma maior taxa de vacância é maior”, explica.
Hirata reitera a tendência para o estado, mas alerta que o preço de insumos de materiais de construção e a falta de insumos podem desacelerar o crescimento.