Ceará ganhou mais de 350 postos de combustível em 10 anos; alta de preços não gerou fechamentos

Mercado expandiu e ganhou 354 estabelecimentos no período. Em 2021, setor segue avançando no Estado, sobretudo no interior do Ceará

O crescimento populacional no Ceará fez com que o mercado varejista de combustíveis automotivos avançasse no Ceará ao longo da última década. O Estado ganhou, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 354 novos estabelecimentos de 2011 a 2020 - crescimento de 30% no período.

O consultor na área de Petróleo e Gás, Bruno Iughetti, a elevação no número de habitantes foi o fator que gerou a necessidade e a oportunidade para a instalação e crescimento no número de negócios do ramo. “Havendo a elevação no número de habitantes, com certeza a necessidade de um posto de serviço em determinada localidade se faz mais presente”, detalha.

Nos últimos anos, sobretudo, o crescimento é explicado pelo crescimento populacional no interior do Estado, de acordo com o Iughetti. “Em 2020 e em 2021, o crescimento no número de postos se justifica principalmente pelo aumento populacional no interior”, reforça Iughetti.

O assessor de economia do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, corrobora a avaliação.

Avanço no interior

“Em Fortaleza nós vemos um cenário estável ou de pequeno crescimento. Na região metropolitana e no interior, houve crescimento”, detalha, acrescentando que o avanço foi observado de forma variada entre as bandeiras e os postos que não são bandeirados. “Não tem uma bandeira específica que tenha se sobressaído".

Ainda de acordo com a ANP, foi registrada no Diário Oficial da União (DOU) a autorização para funcionamento de 113 postos de combustíveis no Ceará somente de janeiro até os 10 primeiros dias de setembro de 2021.

Quanto o posto lucra com a venda da gasolina?

De acordo com Iughetti, o avanço do mercado de revenda de combustíveis automotivos não possui ligação com a elevação dos preços nos últimos anos ou com a nova política de paridade adotada pela Petrobras, em que os preços dos produtos vendidos nas refinarias acompanham a flutuação no mercado internacional.

“São duas coisas distintas, essa elevação dos preços não tem nada a ver com o número de postos. Pelo contrário, é algo que afeta negativamente o posto porque, com a elevação dos preços nas refinarias e nas distribuidoras, a margem de lucro desses estabelecimentos é diminuta”, explica Bruno Iughetti.

As margens de lucro da revenda giram em torno de 8%, de acordo com Iughetti. “O preço vem da refinaria e a ele são acrescidos tributos como ICMSCide, PIS e Cofins”, pontua.

Competitividade

O consultor na área de Petróleo e Gás destaca que o crescimento no número de postos de combustíveis contribui para o aumento da competitividade, sendo positivo para o consumidor final. Localidades do interior do Estado com número menor de postos, por exemplo, tendem a ter preços médios mais altos.

A partir do momento em que são atraídos novos estabelecimentos para aquela região, a concorrência maior tende a beneficiar os consumidores
Bruno Iughetti
Consultor de Petróleo e Gás

Cenário oposto

A situação observada no mercado cearense é contrária ao que vem sendo observado no Rio de Janeiro. A capital carioca perdeu 162 estabelecimentos desde 2009 e o sindicato da localidade atribui a situação à sonegação e aos preços altos.

O assessor de economia do Sindipostos no Ceará reforça que, no Estado, não há notícia alguma de “quebradeira” entre os estabelecimentos e revela que o que acontece no mercado cearense é a troca de proprietário nos estabelecimentos. “Costumamos dizer que posto não quebra, muda de dono”.