Não é de hoje que os cearenses observam um aumento na quantidade de supermercados e farmácias em todo o Estado. Essa percepção popular é confirmada diante dos números de aberturas de empresas em 2021 no Ceará.
Uma das poucas atividades que tiveram o funcionamento continuado desde o início da pandemia, em março de 2020, o setor supermercadista deve encerrar o ano de 2021 com cerca de 100 novas lojas no Estado, superando 2020, mas provavelmente abaixo do que deve ser inaugurado em 2022, conforme projeta a Associação Cearense de Supermercados (Acesu).
Conforme o presidente, Nidovando Pinheiro, as projeções positivas se apoiam no bom faturamento que a atividade obteve desde o início da pandemia e também se deve ao fato de que a construção civil em 2021 não parou - ao contrário do que foi observado no ano passado -, permitindo que os canteiros de obras funcionassem a todo vapor para a concretização desses espaços físicos.
“Essa expansão já vinha sendo planejada pelos varejistas e, por conta da pandemia em 2020, ficou parada porque a construção civil teve paralisação. Alguns empresários ficaram com receio. Não é que em 2020 nós não tenhamos observado aberturas, tivemos, mas não na mesma quantidade de 2021”, detalha o presidente.
Ele destaca que o avanço no faturamento durante o período de pandemia também foi decisivo para as expansões.
De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar das vendas de hipermercados e supermercados apresentarem queda em 2021 e nos últimos 12 meses, a receita nominal do setor cresceu 5,3% de janeiro a setembro e 8,5% em 12 meses.
“Até julho de 2021 nós tivemos a inauguração de 73 lojas no Ceará, sendo 19 na Capital e o restante na região metropolitana e outros municípios. Eu acredito que vamos terminar 2021 com cerca de 100 lojas a mais e que em 2022 superaremos as 100 inaugurações de 2021”, destaca Nidovando Pinheiro.
Atacarejos também avançam
Os varejistas do setor não são os únicos em franca expansão no Ceará. O Assaí Atacadista, por exemplo, abriu recentemente uma unidade no bairro Presidente Kennedy, com investimento de R$ 61 milhões e 13 mil m².
É o segundo atacarejo com a bandeira inaugurado em Fortaleza no ano de 2021, já que também em outubro abriu o Assaí Tapioqueiras (Messejana).
O bairro Carlito Pamplona também ganhou um atacarejo em 2021 com a chegada de uma unidade Atacadão em setembro deste mês. O estabelecimento contou com aporte de R$ 80 milhões.
No interior, o Grupo Mateus também efetuou inaugurações de lojas de atacarejo em 2021, com uma unidade em Tianguá e outra em Sobral. As novas unidades demandaram a criação de cerca de mil novos postos de trabalho, conforme já havia divulgado em setembro o Diário do Nordeste.
Ritmo preocupa
Apesar das projeções positivas e do avanço no faturamento observando ao longo da pandemia de coronavírus, o presidente da Acesu revela preocupação com o ritmo de expansão do setor no Ceará.
“Nós estamos crescendo em número de lojas com uma velocidade que não é a mesma com a qual a população cresce. O poder aquisitivo da população para acompanhar isso também não está crescendo, então existe essa preocupação do setor sobre isso ser saudável”, pontua o presidente.
Junta Comercial
Dados da Junta Comercial do Ceará (Jucec) mostram que houve registro de 46 novos supermercados em 2021 - sendo que cada um representa um novo Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) -, de janeiro a outubro.
O número se iguala ao de 2020, mas é superior ao de igual período de 2019, quando foram observadas 39 constituições. O saldo de supermercados, de acordo com a Jucec, é de 20 novas unidades, considerando que foram registrados 26 encerramentos em igual período.
"Farmácia em cada esquina"
Já o número de farmácias, de acordo com os dados da Jucec, é bem mais expressivo que o de supermercados. Foram 418 constituições entre janeiro e outubro de 2021, contra 111 fechamentos em igual período, totalizando um saldo de 307 estabelecimentos.
O número de constituições de farmácias em 2021 representa um crescimento de 34% na comparação com as 312 constituições registradas em igual período de 2020. Na comparação com os 10 primeiros meses de 2019, a alta é de 74,1%.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado do Ceará (Sincofarma-CE), Antônio Félix, os números acabam não refletindo de forma fidedigna o que ocorre na realidade.
“Quando a farmácia não fecha em uma situação muito boa, ela acaba não dando baixa para o órgão, então parece que abriram muitas e fecharam poucas”, explica.
Ele pontua que a continuidade da busca por produtos de combate à pandemia, como máscaras e álcool em gel, teve um impacto no faturamento, mas que se forem observadas as vendas de medicamentos de tratamento, mais caros, os números são diferentes.
“A farmácia tem um certo crescimento por causa da questão da máscara, do álcool em gel, produtos ligados à pandemia. Os medicamentos de uso contínuo também têm uma venda boa, mas aqueles mais caros, que são adquiridos por pessoas que fazem um tratamento, estão chegando a vencer porque muita gente ainda está com medo de voltar ao hospital para dar continuidade a esses tratamentos”, detalha Félix.
Além disso, ele explica que a diversificação de produtos nas farmácias também contribui com o avanço do faturamento no setor. “As farmácias vendem produtos diversificados, como cosméticos, produtos com valor agregado. Isso ajuda no faturamento”, destaca.
De acordo com dados do IBGE, a receita nominal dos artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos no Ceará cresceu 12,1% entre janeiro e setembro deste ano ante igual período de 2020 e 10,7% nos últimos 12 meses encerrados em setembro.