Há pouco mais de dois anos aberta para atendimento ao público, a base da TAM Aviação Executiva em Aracati ainda não decolou como era esperado antes da recessão econômica. Porém, com a melhoria gradativa do cenário macroeconômico, a empresa esperar chegar a oito mecânicos de aeronaves no segundo semestre e a 15 no ano que vem. Atualmente, o centro possui até seis profissionais desta área. De acordo com o diretor de Manutenção da TAM AE, Ruy Amparo, entre técnicos, pessoal da limpeza, administrativo e vigilância, a base emprega cerca de 20 pessoas.
"É pouco para uma unidade deste tamanho, mas é coerente com a demanda que está vindo. A boa notícia é que nós temos todo o investimento ferramental e em homologações. Se você aumentar o número de técnicos você consegue atender mais aviões quase que de modo proporcional".
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A demanda em Aracati já vem dando sinais de melhora, o que significa que o mercado de trabalho para os profissionais desta área é bastante promissor. "Você não contrata e no outro dia o técnico está trabalhando. Você tem que dar todo um treinamento para ele. O cara pode ser experiente em Airbus, mas ele vai ter que aprender a atender outros tipos de aviões", explica.
Clientes
O diretor de Manutenção não fala em nomes de clientes. Entretanto, grandes empresários e celebridades formam o seleto grupo de pessoas que levam seus aviões para Aracati. De acordo com ele, neste ano a base está realizando a primeira grande intervenção em uma aeronave de um cliente cearense, cujo nome é mantido em sigilo pela empresa.
"Nós temos aproximadamente 300 Citations no Brasil e metade é nosso cliente. Isso na TAM Executiva como um todo. Os King Air têm uns 480 no Brasil e 80 são nossos clientes. Do Nordeste, hoje nós temos entre 20 e 25 aeronaves que transitam aqui nesta base. Para fazer esses três a cinco atendimentos por vez, a pessoa traz uma ou duas vezes para manutenção e inspeção. O nosso portfólio de clientes está crescendo. De todo modo, você compartilha com as outras bases do Sudeste".
Capacitação
Ainda de acordo com Amparo, é necessária capacitação de mão de obra para trabalhar no centro de Aracati. "Esse é um grande desafio. Nossos primeiros técnicos vieram de Jundiaí, mas a nossa expansão aqui nós vamos contratar majoritariamente mão de obra local".
Para tanto, o executivo afirma que é preciso firmar parcerias com entidades e escolas de aviação locais. "A gente quer formar acordos com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), além de outras entidades e escolas para a formação de auxiliares de manutenção. É um processo que vai durar ainda alguns anos", afirma.
Para o gerente de Obras e Instalações Aeroportuárias do Departamento Estadual de Rodovias (DER), coronel Paulo Edson Ferreira, o governo do Estado vai trabalhar em parelelo com a Universidade do Vale do Jaguaribe para a criação de cursos nesta área de aviação. "Também temos um projeto de um centro para a formação de pilotos de aviões e helicópteros. No Norte e Nordeste não temos uma escola de nível superior nesta área".
Segundo ele, a capacitação de mão de obra é necessária uma vez que o setor está em pleno desenvolvimento no Ceará. "A aviação como um todo está em grande desenvolvimento. Isso é um contexto geral. Na aviação regional nós temos um projeto com o governo do Estado em parceria com a Gol para desenvolver isso", garante.
Escolas
As escolas de aviação do Estado já se preparam para a demanda que deve aumentar nos próximos anos. Na SAT Fortaleza, onde é oferecido o curso de mecânico de aeronaves, o diretor comercial Rodrigo Monteiro diz que para concorrer a qualquer vaga nesta área o profissional precisal pelo menos ter um curso básico e um dos três cursos específicos.
"O mercado está se recuperando da crise. Com isso, estão surgindo mais oportunidades de emprego. A parte de mecânico é crucial para a companhia. Nós temos tido bastante retorno de mercado. As empresas estão entrando numa fase boa e estão mais exigentes. Existem vagas, mas é exigida qualificação", diz.
O curso básico de mecânico de aeronaves, segundo ele, tem duração de quatro meses. Após este período o técnico pode fazer mais três módulos especializados. A duração de todos estes cursos gira em torno de dois anos e meio. "O módulo básico aqui na SAT custa R$ 1,5 mil. E cada módulo especializado, R$ 2,4 mil. A nossa escola conta com laboratório e professores homologados pela Anac", acrescenta.
Ainda de acordo com Monteiro, estão surgindo muitas aeronaves no Ceará. "Novos empresários que estão comprando equipamentos. Isso aumenta a demanda por mão de obra. Hoje em todos os nossos módulos de mecânica de aeronaves temos 35 alunos".
Em relação aos salário, o diretor comercial diz que, em média, dependendo da empresa e das horas trabalhadas, o mecânico da aviação executiva ganha a partir de R$ 2,8 mil. Já na comercial, o salários variam de R$ 3,5 mil a R$ 7 mil.
Para o diretor da Interline Escola de Aviação Civil, Rômulo Mesquita, o mercado está em total ascensão. "Começou a recuperação a partir do segundo semestre do ano passado. Aqui na nossa escola, apenas a Gol contratou 40 colaboradores. As demais companhias ainda vão abrir seus processos seletivos".
Na opinião dele, a aviação executiva cresce junto com a comercial. "Os empresários começam a adquirir aviões e reforçar a logística operacional deles. Na nossa escola, a gente oferece o curso de piloto privado e comercial, com duração de quatro meses com aulas todos os dias ao custo de R$ 1,6 mil".