Levantamento feito pelo Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) indica que, ao contrário do que apontam os estudos anuais divulgados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), os preços pagos pelos serviços pré-pago de telefonia e banda larga móvel, bem como da banda larga fixa pós-paga, estão entre os mais baratos do mundo.
No caso da telefonia móvel, tanto os estudos da UIT quanto os SindiTelebrasil referem-se apenas a celulares pré-pagos. “A UIT apresentará [até o final do mês] um estudo que não corresponde aos valores cobrados no mercado brasileiro, a exemplo do que acontece todo ano. Isso acontece porque ela [UIT] considera os preços [teto] que estão homologados na Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações], e não os do mercado, que envolvem promoções e descontos”, disse o presidente do SindiTelebrasil, Eduardo Levy.
No último relatório da UIT, o custo do minuto para ligações feitas de celulares pré-pagos no Brasil estaria em US$0,74. “Considerando que o brasileiro [que usa os pré-pagos] fala 133 minutos por mês, a conta média paga [no Brasil] seria de R$ 220. Esse valor representa 30% do salário mínimo. Todos sabemos que isso não corresponde à realidade brasileira”, afirmou o presidente do SindiTelebrasil.
Citando estudos feitos em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), Levy disse que o brasileiro gasta, em média, 1% da renda com telefonia móvel, “independentemente de sua faixa de renda”. No levantamento, o SindiTelebrasil conclui que o preço do minuto nos celulares brasileiros equivale a US$ 0,07 – o que corresponderia à quarta tarifa mais barata do mundo, atrás apenas do valor cobrado na China (US$ 0,02), na Índia (US$ 0,03) e na Rússia (US$ 0,05).
“Precisamos desmistificar essa história de que o Brasil tem uma das mais altas tarifas do mundo. O valor real pago pelo brasileiro é R$ 0,15 por minuto”, afirmou Levy. “Por isso, comparamos nossos preços com os pagos em 18 países, a partir de uma metodologia que considera apenas os cobrados, e não os declarados nesses países”, acrescentou.
Além do Brasil, o estudo considera os preços em cinco países latino-americanos (Argentina, Chile, Colômbia, Peru e México), na Rússia, Índia, China, Austrália, Coréia do Sul, no Japão, nos Estados Unidos, na Espanha, França e Itália, em Portugal e no Reino Unido. Juntos, esses países detêm 55% da população mundial e cerca de 57% dos celulares do mundo.
No caso das bandas largas móvel e fixa, o raciocínio apresentado por Levy é similar. Considerando uma banda pré-paga móvel com consumo de 300 MB, a UIT calcula em US$ 35,80 o valor pago por um plano básico. “Na nossa avaliação, o valor pago é US$ 5,30. Nesse ponto, o Brasil tem o segundo menor preço, acima apenas da Índia [US$1,70]”, argumentou o presidente do SindiTelebrasil.
Em relação à banca fixa, que no Brasil é apenas pós paga, o estudo considera o consumo mínimo de 1GB e velocidade de download superior a 1Mbps. “Nesse caso, os preços também são inferiores aos divulgados pela UIT. Considerando os impostos, segundo a cesta divulgada pela UIT, o custo seria US$ 17,80. Segundo nossos cálculos, esse valor ficaria em US$ 13,20. Ou seja, o Brasil tem a terceira banda larga fixa mais barata do mundo, atrás apenas das da Índia [US$4,5] e da Rússia [US$12,6]”.