Em meio aos debates sobre as bets no Brasil, o Banco Central fez um levantamento da quantidade de dinheiro destinado às apostas on-line por meio de transferências via Pix. Foram consideradas as apostas baseadas em eventos reais — como partida de futebol — e cassinos, como jogos de azar. Conforme O GLOBO, os brasileiros gastaram cerca de R$ 20 bilhões por mês com as bets.
O volume variou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões em 2024. Em agosto, o valor foi de R$ 20,8 bilhões. Desse total, 14,4% do dinheiro (R$ 3 bilhões) partiu de beneficiários do Bolsa Família.
Os dados foram produzidos Departamento de Estatísticas do Banco Central, após solicitação do senador Omar Aziz (PSD-AM). O pedido buscava avaliar o cenário das apostas no Brasil com dados oficiais e fundamentados.
Ao comparar a quantidade de apostas em bets com a arrecadação de todos os sorteios de loterias da Caixa Econômica Federal do mês de agosto, é possível ver a diferença numérica. Em agosto, o valor com os sorteios representa apenas 9,1% do arrecadado com bets, sendo R$ 1,9 bilhão.
A nota técnica aponta que os valores podem estar subestimados, já que consideram apenas transações feitas por Pix, mas os apostadores podem utilizar TED ou cartão de crédito. “Assim, espera-se que os valores das apostas possam estar subestimados (apesar de informações externas de que grande parte das apostas são realizadas via Pix), sendo que, o pagamento das premiações deve corresponder a quase totalidade”, detalha o documento.
Apostas dos beneficiários do Bolsa Família
Na análise técnica do Banco Central, também foi constatado que parte dos recursos de programas sociais, como Bolsa Família, está sendo destinado às empresas de apostas. Isso porque cerca de 5 milhões de beneficiários fizeram apostas via Pix, chegando a gastar R$ 3 bilhões em agosto. O gasto médio foi de R$ 100.
Dos 5 milhões de apostadores, 70% são chefes de família e enviaram, apenas em agosto, R$ 2 bilhões às bets.
O senador Omar Aziz pretende pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) que entre com ações judiciais para retirar do ar as páginas das casas de apostas na internet até que elas sejam regulamentadas pelo governo federal.