Com a abertura do mercado livre, cerca de 6,5 mil pequenas e médias empresas no Ceará poderão comprar energia de qualquer comercializador em 2024, segundo levantamento da 2W Ecobank. Antes limitada às grandes indústrias, a migração foi liberada para todos os consumidores de alta tensão a partir do próximo ano, conforme a portaria n.º 50/22.
Para a estimativa, a plataforma considerou dados próprios e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
De olho nesse potencial, a 2W Ecobank foca nos pequenos e médios negócios e prevê ampliar a atuação em todo o Brasil. No mercado cearense, o plano é atrair fábricas, empresas do varejo e de serviços, como hotéis e restaurantes. O consumo médio desses empreendimentos é de R$ 6 mil mensais, e a economia na conta de luz pode variar de 15% a 30%, conforme a companhia.
Segundo o diretor comercial, Fernando Oliveira Silveira, a expansão do ambiente livre já impulsionou a assinatura de 1 mil contratos para 2024, no País. "Isso deve consolidar a 2W. Hoje, somos a 3ª maior comercializadora e devemos ficar provavelmente em 1º ou 2º lugar como maior player de comercialização de energia do País”, projeta.
O diretor regional da empresa, Rodrigo Santos, acrescenta que o Ceará é um dos mercados nordestinos mais promissores, ao lado da Bahia. “No Estado, de janeiro a maio, tivemos 55 clientes com contratos assinados para 2024 e devemos triplicar esse número até o fim do ano. Em todo o Nordeste, foram 180”, afirmou.
Além da área comercial e industrial na Região Metropolitana de Fortaleza, a 2W mira no município de Russas, na Região do Jaguaribe, onde há um polo produtor de cerâmica.
Entenda o mercado livre de energia
Na prática, o mercado livre de energia permite o comprador escolher o seu fornecedor e negociar condições de contratação, como prazos e tipo de fonte. O setor existe desde 1996, mas, atualmente, está restrito aos grandes consumidores.
Contudo, em setembro de 2022, foi publicada a portaria (n.º 50/22) que permite a migração de todos os clientes ligados em alta tensão, independentemente do volume de carga. A regra entra em vigor em 2024.
Os consumidores residenciais e rurais, considerados de baixa tensão, continuarão comprando energia da distribuidora local.
Novas unidades consumidoras o Nordeste foram registradas no Nordeste de janeiro a agosto deste ano, segundo levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O quantitativo é superior ao dobro dos 458 contabilizados no mesmo período do ano passado.
"A abertura do mercado livre de energia para a alta tensão será uma virada de chave para setor elétrico nacional e para os consumidores. É o início de um processo que vai mudar a forma como nós nos relacionamos com a energia, trazendo maior poder de escolha para empresas e, no futuro, para as famílias", avalia Adriana Sambiase, gerente-executiva de Cadastros e Contratos da CCEE.
Segundo ela, o Nordeste "é peça fundamental nessa evolução, não apenas por concentrar uma parte significativa dos consumidores brasileiros e um importante parque industrial, mas também por sua representatividade na geração de energia renovável, que apoiará o país na transição energética", completou.
Na região, Pernambuco liderou o ranking de novas unidades, com o maior número nesses oito primeiros meses (220). A Bahia segue na frente da lista dos estados com maior volume de cargas já compradas. Veja:
No Brasil, a entidade estima um potencial de até 72 mil novos pontos de consumo no ambiente livre, considerando a mudança prevista para janeiro de 2024.