Famílias ocupam prédio histórico

O prédio da antiga Escola Jesus, Maria e José, no Centro da Capital, foi ocupado pelo grupo Ocupação Gregório Bezerra, da Unidade Classista Ceará, Durante a madrugada dessa sexta-feira. Os membros do grupo estavam abrigados anteriormente na Escola de Tempo Integral da Avenida F, no Conjunto Ceará.

Segundo Jefferson Ferreira, de 38 anos, coordenador da Ocupação Gregório Bezerra, a Prefeitura de Fortaleza pediu, na terça-feira (23), que o local fosse desocupado até o fim da semana, com o objetivo de retomar as obras na escola.

"A gente queria isso mesmo, e conseguimos que as obras fossem retomadas. Fizemos o que eles pediram e desocupamos a escola. O que a gente precisa agora é de um lugar pra ficar. Precisa dar casa para essas pessoas, ninguém aqui tem pra onde ir. Se tivesse, não estaria aqui", diz Jefferson Ferreira.

De acordo com ele, 78 famílias se deslocaram até o prédio abandonado, onde partilharão uma cozinha e um banheiro coletivo. Porém, o coordenador jurídico da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor), Arnaldo Gomes, afirma que o órgão se reuniu com o grupo da Ocupação na última terça-feira e ressaltou que "em nenhum momento foi colocado que eles fariam essa ocupação. Ficou acordado que eles iriam para abrigos solidários ou para a casa de amigos".

A Escola Jesus, Maria e José foi ocupada anteriormente pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e, segundo Arnaldo Gomes, as famílias que estavam lá "foram atendidas com habitações".

Em nota, a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor) informa que foi realizada uma visita técnica ao local para alertar as pessoas sobre os riscos dessa ocupação, uma vez que a estrutura do prédio está comprometida e pode desabar.

A Defesa Civil já foi acionada e, segundo a Secultfor, deverá ir à Escola para conversar com as famílias. A Secretaria aguarda os trâmites legais relacionados à reintegração da posse do bem.

Patrimônio

A Escola Jesus, Maria e José foi inaugurada em 1905 e é propriedade da Arquidiocese de Fortaleza, mas foi doada à Prefeitura em 2008. O prédio foi tombado como patrimônio histórico em 2006 e, em 2015, integrou o primeiro conjunto arquitetônico a ser tombado pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza (Comphic), junto ao Colégio Imaculada Conceição, a Igreja Pequeno Grande e a Escola Justiniano de Serpa.