Estar “estressado” é uma queixa cada vez mais comum entre pessoas de todas as idades, principalmente na pandemia. A reação natural do organismo, porém, exige cuidados. Neste 23 de setembro, Dia Mundial de Combate ao Estresse, especialistas orientam como lidar com ele e prevenir problemas de saúde.
A psicóloga Ayra Moraes explica que “o estresse é um conjunto de reações naturais do organismo, uma ruptura no equilíbrio diante de situações de mudança e adaptação” – como o cenário de pandemia da Covid-19, por exemplo.
Nosso corpo tem passado por situações que mudam muito rápido. Estamos muito mais expostos a riscos, insegurança e desamparo. O medo da morte, de adoecer, de perder alguém é muito estressante.
O psiquiatra Thiago Holanda, doutor em Ciências Médicas, complementa que cenários de “violência comunitária ou doméstica, problemas financeiros, luto e catástrofes” também são potenciais causas de um quadro de estresse.
Qualquer pessoa está sujeita aos sinais, conforme o médico, “mas há grupos mais vulneráveis, como quem tem doenças crônicas, algum problema emocional ou transtorno mental prévio, minorias étnicas, pessoas com deficiências, gestantes e idosos”.
A também psicóloga Emanuela Gomes alerta que, além dos fatores externos, é preciso observar e ter consciência de que motivações internas também podem gerar o chamado “estresse negativo”.
Com medos, pessimismo, baixa autoestima, culpa, excesso de expectativas, rigidez de pensamentos também posso estar causando estresse em mim. É preciso tentar parar de controlar o cenário externo e lidar melhor com o interno.
Riscos do estresse à saúde
Quando deixa de ser uma reação natural de defesa e adaptação, o estresse requer mais atenção, como explica Ayra. “Vira um problema quando a pessoa não consegue se adaptar às situações, fica paralisada, ansiosa, deprimida e não consegue mais lidar de forma funcional”, descreve.
Os sintomas podem ser físicos, emocionais, comportamentais e até cognitivos. “Dores musculares, palpitações, má digestão, diarreia ou prisão de ventre; humor deprimido, irritabilidade, aumento do consumo de substâncias psicoativas, perda de paciência com as pessoas; prejuízo na atenção e confusão mental”, lista Thiago.
pessoas foram hospitalizadas no Ceará por transtornos relacionados ao “stress”, de 2020 a janeiro de 2021, conforme o Ministério da Saúde.
De acordo com a Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMA), 7 a cada 10 brasileiros são afetados pelos sintomas de estresse. Já conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 90% da população sofre com o problema – que pode levar ao adoecimento físico.
Em profissionais, salienta a especialista, “os transtornos mais comuns são o burnout, transtorno de estresse generalizado e um quadro depressivo maior”.
Como lidar com o estresse
A psicóloga Emanuela Gomes frisa que a condição básica para evitar que o estresse se torne patológico é o autoconhecimento, “perceber quais os gatilhos e trabalhar a causa, lidar sem fugir”.
Fazer exercícios de respiração, meditações, ouvir músicas relaxantes, entrar em contato com a natureza, praticar exercícios físicos e trabalhar com arte são outras recomendações da profissional para “conectar-se consigo” e afastar o estresse negativo.
Já o médico Thiago Holanda cita atitudes práticas que podem aliviar o estresse no dia a dia.
- Planejar suas atividades;
- Tirar um tempo pro lazer;
- Cuidar da qualidade do sono;
- Diminuir exposição à internet e redes sociais;
- Diminuir consumo de cafeína, cigarro e álcool;
- Praticar exercícios físicos;
- Separar horários para interação familiar e social, contatos presenciais;
- Desligar das obrigações no dia de folga;
- Procurar psicoterapia.
Segundo Ayra Moraes, um dos principais desencadeadores do estresse, na sociedade atual, é o ambiente de trabalho, o que exige a busca por estabilidade e suporte em outras áreas da cidade.
“Ter atividades de prazer e lazer, se sentir bem em outras áreas da vida é fundamental. Se não está bem no trabalho, mas tem um hobby, família e amigos com quem se sente bem, você entende que a vida não é só aquela situação, trabalha a regulação emocional. Quanto mais a gente se conhece, mais consegue ser ajudado”, conclui.