Quase 19 mil profissionais de saúde do Ceará tiveram Covid-19; entenda o impacto na categoria

Mais expostos à infecção por Covid-19, os trabalhadores da saúde que estão na linha de frente, tanto em instituições públicas quanto privadas, estão no primeiro grupo a receber vacina. Mais de 43% dos profissionais que testaram positivo são ligados à enfermagem.

De acordo com a plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), até a manhã do último domingo (17), 18.960 profissionais da saúde do Ceará testaram positivo para a covid-19. Do total, 40 deles não resistiram ao contágio.

Mais de 43% (8.164) deste número é referente a profissionais ligados à enfermagem, entre técnicos, auxiliares e enfermeiros. “Isso se dá pela essência da atividade do cuidar da enfermagem, que está sempre no beira-leito", destacou Ana Paula Brandão, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren).  

>Técnica de enfermagem é a primeira cearense vacinada contra a Covid no Estado

Ana Paula lembra ainda que, além do ofício de assistir à população, os profissionais de enfermagem serão responsáveis diretamente pela imunização da sociedade. “Estamos sempre na luta pela garantia de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para nossa atuação, que é muito significativa, de soldado mesmo”, avalia a presidente do Coren.  

Os profissionais de saúde do Ceará estão entre os grupos prioritários para a primeira fase de aplicação da vacina CoronaVac, do Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac. O Ministério da Saúde deve enviar, ainda na tarde desta segunda-feira (18), o lote com o imunizante para o estado.  

Para o infectologista Ivo Castelo Branco, a vacinação para este público é essencial.

"Eles têm três vezes mais possibilidade de serem contaminados do que a população em geral. É preciso garantir essa imunização, se não daqui a pouco ninguém quer mais cuidar de ninguém", Ivo Castelo Branco. 

Com médicos, enfermeiros e auxiliares imunizados, o sistema de saúde público sofre menos riscos de entrarem em desalinho. "Em muitos locais a equipe já é reduzida, e quando adoeçem, precisam ser substituídos e issso gera um colapso", complementa o infectologista.

Ao todo, 86.388 exames já foram realizados em todos os profissionais da saúde. Deles, 1.277 casos permanecem em investigação em todo o estado. 

A taxa de letalidade da doença para estes profissionais está em 0,2. Fortaleza tem 7.033 casos confirmados, e 17 óbitos dos que estavam na linha de frente foram confirmados na capital.  

Médicos 

Em todo o Ceará, 1.568 médicos testaram positivo para a covid-19 desde o início da pandemia, em março de 2020; 11 médicos foram vítimas fatais da doença no estado. 

Outros profissionais atingidos pela covid-19 foram condutores de ambulância, agentes de combate a endemias, farmacêuticos e assistentes sociais. 

Até o fim do ano passado, a Sesa concedeu auxílio financeiro a 1.586 profissionais de saúde cearenses. O benefício foi destinado a profissionais não servidores que atuaram na rede estadual, é concedido em casos de afastamento profissional ou falecimento por coronavírus. 239 médicos receberam o auxílio por afastamento. 

De acordo com o secretário de Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, os profissionais que estão na linha de frente contra a Covid-19 são cerca de 70 mil. Esses profissionais das unidades públicas e privadas serão imunizados nos locais onde trabalham. Eles estão na primeira fase do plano de vacinação. 

Saúde mental 

O cansaço e a frustração que viraram habituais na rotina dos profissionais da linha de frente durante a pandemia se somaram à ansiedade e depressão. O Diário do Nordeste já havia mostrado a angústia de médicos afastados dos plantões.  

“A maioria dos meus colegas da área de saúde, como um todo, está com problemas de saúde mental. Tenho colegas que pararam de dar plantão, tiveram surtos por não suportar mais verem pessoas morrendo por causa evitável, e pararam”, reforçou o médico Diego Vieira, 33, atuante em duas instituições de saúde.