Positividade de testes rápidos para Covid-19 em farmácias cresce 32% entre dezembro e março no Ceará

Com a alta procura pelos exames, interessados em realizar o teste têm encontrado dificuldades para agendamento em farmácias de Fortaleza

A taxa de resultados positivos de testes rápidos de Covid-19 em farmácias do Ceará cresceu 32% quando comparados os meses de dezembro do ano passado e março de 2021, período de crescimento de casos da doença na segunda onda. Em dezembro, até o dia 20, foram realizados 75.084 testes. Destes, 15.901 (21,18%) foram positivos. Já nos 16 dias entre 22 de fevereiro e 8 de março, 51.418 testes rápidos foram feitos e 14.935 (29%) resultaram positivamente. Os dados são da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). 

Entre os dias 1º e 21 fevereiro, 25 a cada 100 testes feitos em farmácias cearenses deram positivo. Ao todo, dentro do recorte temporal, 12.558 (25%) das 52.943 análises apontaram a presença de anticorpos da doença.

Importância dos testes

Na análise do epidemiologista Luciano Pamplona, neste período de transmissão mais evidente da Covid-19, também há transmissão de outras doenças como arboviroses, influenza e H1N1, por exemplo, e por isso é importante a realização do teste específico do novo coronavírus. 

“Testar é sempre importante no caso da presença de sintomas. Testar continua sendo fundamental. Importante é que os testes sejam feitos no período correto e seu resultado seja rápido para que possamos isolar os possíveis transmissores”, reforça Pamplona.

Mesmo após uma consulta clínica, com o diagnóstico quase 100% de Covid-19, o especialista reforça que o teste ainda se faz importante para a manutenção da curva epidemiológica. 

Dificuldade no agendamento

Em meio a um novo pico de Covid-19 em Fortaleza, pacientes com suspeitas da doença estão tendo dificuldade em agendar exames em farmácias na cidade. Alguns precisam até ir à loja para então conseguir uma vaga - que nem sempre é no mesmo dia.

Após ter contato com o namorado que testou positivo, a universitária Ana Beatriz Madeiro, de 20 anos, optou pelo isolamento e esperou para ver se algum sintoma da doença surgiria. Passados quatro dias do contato, ainda assintomática e isolada em casa, no último dia 4, Ana começou a ligar para farmácias do bairro Vila Pery para agendar um teste e sanar a dúvida. 

“Queria fazer o teste para voltar ao trabalho tranquilamente. Comecei a ligar na quinta-feira (4) para agendar. Liguei para todas as farmácias aqui da região, mas nenhuma atendia. Na quinta, cheguei a ligar umas seis vezes e na sexta-feira continuei tentando, sem sucesso”, relata.

A estudante conta ainda que tentou ver se tinha outra opção de agendamento via internet, mas, no site da farmácia em questão, a orientação era para ligação, de fato. “Eu queria agendar para um local perto, para não precisar ir de ônibus ou uber, já que eu não tenho carro, e correr o risco de infectar outras pessoas, caso eu esteja realmente com Covid”, coloca Ana.

Depois de inúmeras tentativas de contato, sem retorno, Ana pediu que a mãe fosse até a farmácia para tentar o agendamento pessoalmente, na sexta-feira (5). “Pedi que ela fosse porque ninguém me atendia mesmo. Chegando lá, ela conseguiu agendar, mas só tinha vaga para quatro dias depois, na terça-feira (9). Os outros dias estavam lotados”, diz.

De início, Ana relata que gostaria de ter feito o teste de antígeno para detecção do SARS-CoV-2 (Covid-19) na nasofaringe, que é feito com um cotonete específico, no entanto, pelo passar dos dias, o teste realizado foi o rápido. “Já fazia uns 10 dias do primeiro contato, então a farmacêutica informou que o [exame] que eu queria já não poderia detectar o vírus”. 

Embora tenha enfrentado problemas para o agendamento, a universitária fala que, no dia da realização do exame, a farmácia estava vazia para fazer o teste. “Só tinha uma pessoa na minha frente. Já para outros serviços, havia uma fila de gente do lado de fora da loja”. Ana e a mãe fizeram o teste rápido para Covid-19 e testaram negativo para a doença.   

Tentativas

A autônoma Williene Oliveira, de 34 anos, começou a ter sintomas dia 23 de fevereiro, quando iniciou a tentativa de agendar um exame numa farmácia do bairro José Walter. Williene conseguiu marcar para o dia 26 próximo, mas logo recebeu uma ligação informando que o teste precisava ser adiado. 

“Eu preferi, então, cancelar e fui tentar o teste em uma farmácia 24h da cidade, ainda no dia 25. Cheguei lá e esperei das 20h às 23h para recomeçarem a fazer os testes”, conta.

Com perda de olfato e paladar, além de dor de garganta, a autônoma fez o teste com Swab e deu negativo. “Mesmo assim, fui orientada a fazer isolamento que completou 14 dias no último dia 9 de março”. Desde então, Williene conta que tenta agendar, novamente, um teste para saber se tem os anticorpos.

“Consegui marcar na mesma farmácia do início, depois liguei para confirmar e eles me informaram que não tinha vaga. Que eu não havia agendado. Agora, continuo na tentativa, já que os preços de laboratórios estão na faixa de R$ 300”, comenta.

Sobre as dificuldades ao agendar exames de Covid-19, a Abrafarma pontuou que "não tem informações a respeito, por se tratar de uma política de cada rede de farmácia".