Uma vacina contra o coronavírus – Sars-Cov-2 – está sendo desenvolvida a partir do vírus Influenza, na Fundação Oswaldo Cruz, em Minas Gerais. O estudo começou em fevereiro, e deve levar até quatro anos para o resultado ser disponibilizado para a população brasileira. A previsão é de que os testes clínicos em humanos poderão ser iniciados em dois anos e meio. O trabalho visa criar uma vacina bivalente, que proporcione a imunização contra o coronavírus e a Influenza simultaneamente.
“Tem 10 anos que nós trabalhamos com o vírus Influenza modificado. Agora, ele vai carregar uma proteína da Covid-19, de forma que não causa doença, mas consiga induzir resposta imunológica”, explica o farmacêutico Alexandre Machado, pesquisador do Grupo de Imunologia de Doenças Virais da Fiocruz Minas. Ele explica que o estudo conduzido em laboratório, que inclui testes em camundongos, deve ser finalizado entre 12 até 18 meses.
A partir de então, se inicia uma outra etapa do processo. “É um processo de qualidade. A produção dos lotes, atendendo às normas do Governo, a realização de escalonamento de produção em condições controladas, testes clínicos controlados, testes clínicos em seres humanos. É a história natural de qualquer vacina”, diz.
O início da testagem clínica em humanos depende da garantia de recursos necessários, considerando, também, o alto custo dos testes. O pesquisador explica que o andamento de estudos para encontrar uma vacina para o coronavírus em outros países é acompanhado com interesse e expectativas positivas.
“Nosso objetivo não é chegar antes de todo mundo na reta final. Queremos alcançar a linha de chegada no menor tempo possível, mas nós sabemos que outras pesquisas já estão mais na frente, mais adiantadas, e não é nosso interesse fazer competição com elas”, Alexandre Machado, pesquisador.
Alexandre Machado ressalta que o objetivo do trabalho é que o Brasil tenha uma vacina própria, com tecnologia nacional, que deixe a população resguardada em caso de futuras epidemias e pandemias. “É tudo muito incerto. Então depender de tecnologia estrangeira para a proteção da população é uma questão, no mínimo, a se levar com cautela. O Brasil dominar essa tecnologia de produção de vacina, a exemplo de outras vacinas que já domina, é fundamental”, avalia o pesquisador.
Para desenvolver o produto, segundo o farmacêutico, são levadas em consideração duas bases principais: os estudos mais recentes sobre a proteína Spike, do novo coronavírus, que é considerada a principal candidata para uso na composição da vacina; e mais de uma década de estudos sobre o Sars-CoV-1, sorotipo do coronavírus que circulou, sobretudo, na Ásia, entre 2003 e 2004. “Esse conhecimento vai servindo como tochas no caminho para guiar a pesquisa. Tudo isso tem que ser validade em experimentação animal. Apesar de promissor, só sabemos se vai funcionar ou não após testar”, diz.
Presença do vírus
Com base em estudos sobre outros sorotipos de coronavírus, também foi possível deduzir que o agente infeccioso pode permanecer em superfícies por horas ou até dias, variando de acordo com a quantidade de vírus presente e com a temperatura – quanto mais baixa, mais tempo os organismos podem permanecer.
"Metal, alumínio, madeira, vidro, plásticos, essas superfícies têm que ser limpas. Quando a temperatura é mais alta, ele permanece por questão de horas. Mas em maçanetas ou corrimãos de metal, que podem ter temperaturas mais frias, aí pode ficar por pelo menos um dia", explica o infectologista Anastácio Queiroz, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ele pontua que, quando alguém fala ou espirra, as gotículas maiores caem coma gravidade. Já as microgotículas, chamadas de aerosóis, ficam circulando pelo ambiente até aderirem a alguma superfície. "Por isso que ambientes fechados como UTIs e UPAs têm que ser muito bem higienizados, porque vão chegando novos pacientes e as gotículas ficam pairando no ar", diz. "Quando o ar é renovado, o vírus não fica. Mas em um ambiente com ar-condicionado pode ficar por muitas horas".