A batalha para vencer o câncer é dura, mas quando ocorre com seres tão cheios de vida como crianças, torna a situação mais sensível ainda. O Lar Amigo de Jesus oferece abrigo a cerca de 46 crianças, com seus acompanhantes, vindos do interior do Estado, para fazerem tratamento do câncer em Fortaleza, e nesse momento de pandemia precisa de doações para permanecer oferecendo apoio a essas famílias.
Além da pandemia da Covid-19 trazer consigo uma crise na saúde, ela também trouxe a crise econômica para o Lar, uma defasagem nas doações que recebiam. “A casa é grande, a gente faz tudo por essas famílias, para dar todo conforto”, conta a Irmã Conceição Dias, presidente do Lar. “Com relação às doações, diminuíram nesse tempo, estamos precisando, até mesmo de leite aqui”, completa.
Com a chegada do novo coronavírus, a rotina do Lar Amigos de Jesus mudou e as famílias que passavam a semana no abrigo e voltavam para casa nos finais de semana, tiveram que continuar no local. Os custos com materiais de higiene, como álcool em gel, também aumentaram. “Não faltou no zero, mas tem pouco para nos manter”, enfatizou a Irmã. “O leite em pó está faltando, não está mais indo na cesta básica das mãezinhas por isso. Em um modo geral, o leite é o principal, o leite e a massa para mingau”, lamentou Conceição, já que por abrigar crianças, esses são alimentos necessários no local.
Para manter a parte financeira do Lar, que funciona com 27 funcionários, além de gastos com gasolina, para o transporte que leva e trás as crianças para o hospital, era usado o dinheiro arrecadado no bazar que funciona no local, mas o isolamento social também deu uma pausa nesse recurso. “Já reabrimos o nosso bazar, agora entra de dois em dois e aí, espera um pouquinho. Mas quero fazer um apelo para doarem mais coisas usadas para colocarmos no nosso bazar, para gente se manter, porque nós temos 27 funcionários e a gente precisa pagar esses funcionários”, enfatiza.
Mudança
O Lar, que abrigava crianças com câncer e seus familiares em dias da semana, passou a abrigar essas pessoas todos os dias, desde o começo da pandemia, com o intuito de garantir que não ocorresse nenhum caso de Covid-19 no local. “É ruim não poder mais ir para casa, mas a gente sabe que é necessário, e aqui é como se fosse a segunda casa da gente e isso diminui o impacto, a gente prefere não ir, pela saúde dos nossos filhos”, conta Érica Cavalcante, mãe da Maria Cecília, de três anos, que sofre de Leucemia Mieloide Aguda (LMA), que tem residência no município de Pedra Branca, interior do Estado.
Além dessa mudança, dentro do próprio local alguns protocolos de segurança também foram acrescentados, como não ser permitido visitas. A higienização geral da casa agora é feita com mais frequência, assim como a orientação que tanto os familiares quanto as crianças recebem sobre o momento.
De acordo com Elena da Silva, que frequenta o local há nove meses, enquanto acompanha sua filha, Elen Catarina, de 4 anos, portadora de Leucemia Linfoide Aguda (LLA), a casa é um porto seguro. “Aqui na casa acolhe a gente super bem, tentam não deixar faltar nada, as irmãs são super acolhedoras com a gente e isso faz a gente passar por esse momento sem sentir tanto”, frisou.
Apesar das dificuldades e necessidade de doações, a presidente do Lar Amigo de Jesus não deixa a positividade de lado. “A nossa rotina é assim, a gente faz tudo para que eles tenham autoestima, vontade de viver e mesmo com a quimioterapia não fraqueje e estamos com eles para garantir que vai dar tudo certo”, concluiu.
Serviço
Lar Amigos de Jesus
Rua Ildefonso Albano, 3052, bairro Joaquim Távora.
Telefone: 3226-3447