Níveis de coronavírus nos esgotos de Fortaleza aumentam mais de 9 vezes na primeira semana de 2022

Estudo contabilizou 891 bilhões de cópias genômicas do SARS-CoV-2 ante 95 bilhões na última semana do ano passado

A rede de esgoto de Fortaleza atingiu a maior carga viral do SARS-CoV-2 - vírus causador da Covid-19 - entre os dias 2 a 8 de janeiro, referente à primeira semana epidemiológica (SE) de 2022. Foram detectadas 891 bilhões de cópias genômicas de coronavírus por 10 mil habitantes em 24 horas. Os dados são da Rede Monitoramento Covid Esgotos.

O valor verificado é mais de nove vezes maior em relação à última SE de 2021, de 26 de dezembro a 1º de janeiro, quando havia 95 bilhões de cópias por dia a cada 10 mil habitantes. 

Os níveis de coronavírus correspondem à soma de três Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) da Capital, que atendem cerca de 65% da população. São elas:

  • Estação de Tratamento de Esgotos José Walter (CE-ETE-01) 
  • Estação de Tratamento e Esgotos Conjunto Ceará (CE-ETE-02)
  • Estação de Pré-Condicionamento (CE-ETE-03)

"As concentrações de SARS-CoV-2 aumentaram também no esgoto de todos os demais pontos monitorados em Fortaleza. Níveis elevados de concentração viral foram identificados nas cinco estações elevatórias de esgoto monitoradas na cidade e no interceptor leste", atesta o relatório do monitoramento.

Pela primeira vez, o estudo também identificou o vírus da Covid-19 no canal pluvial da avenida Eduardo Girão na primeira SE deste ano. Os dados gerados mediante coleta nos esgotos servem para auxiliar a vigilância epidemiológica da Covid-19 e a tomada de decisões por parte das autoridades de saúde. 

O levantamento é realizado pelo Centro de Inteligência em Saúde do Estado (Cisec), vinculado à Superintendência da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), em parceria com a Rede Monitoramento Covid Esgotos. 

Contágio

Apesar de o material genético (RNA) do SARS-CoV-2 ter sido detectado em elevados volumes, o boletim esclarece que não evidências científicas quanto à transmissão do vírus através de resíduos fecais, esgoto ou água contaminada. 

Prova disso é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) não consideram a rede de esgoto como fonte de SARS-CoV-2 infeccioso.

Ao contrário, a doença pandêmica é transmitida a partir do contato com secreções respiratórias, como  gotículas e aerossóis durante a fala, tosse ou espirro de um indivíduo contaminado. O contato físico também é outro modo de infecção.