O Ceará abriga 2.465 espécies diferentes de plantas nativas com flores (angiospermas). Esse foi o principal resultado do Inventário da Flora Cearense, estudo que vai ter sua primeira parte divulgada às 14 horas desta sexta-feira (7) no canal da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) no YouTube.
O levantamento ainda está em construção, mas já contribui para preservar a biodiversidade cearense. “A gente precisava ter um inventário para validar as políticas públicas. Como a gente vai conservar se não sabe o que tem? Ou explorar melhor o que a gente não sabe que tem?”, argumenta o biólogo, cientista-chefe de Meio Ambiente e professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Soares.
Iniciado em 2009, o estudo considera bancos de dados apurados por diferentes pesquisadores cearenses ao longo das últimas décadas, conforme explica a professora Iracema Loiola, do departamento de biologia da UFC, que coordena o trabalho.
Uma constatação importante, segundo a professora, é de que, apesar da diversidade de ambientes — como litoral, manguezal, chapada —, cerca de 50% da flora do Estado está em área de caatinga. “A gente já tem a lista das plantas endêmicas [que ocorrem em apenas um local] da caatinga. As plantas ameaçadas são uma segunda etapa [do inventário]”, adianta.
Contribuições da pesquisa
Saber quais plantas são medicinais, raras ou estão ameaçadas de extinção é fundamental para combater a exploração exagerada, o desmatamento e a desertificação e propor medidas de conservação, como, por exemplo, a criação de Unidades de Conservação (UCs). “Somente conhecendo a diversidade das plantas é que a gente vai poder pensar na conservação delas”, reforça a professora.
Às vezes veem o Ceará só como praia ou sertão e não é assim. Nossa diversidade de flora tem caatinga, serras, chapada do Araripe, da Ibiapaba, de Baturité, uma riqueza gigante. Inclusive, é um atrativo turístico”.
Além disso, segundo o biólogo, o inventário se propõe a otimizar os processos de requisição de licenciamento ambiental, uma vez que as informações vão estar disponíveis para consulta no site da Sema. “A gente fez um inventário da fauna dois meses atrás. Nossa ideia é que esses inventários estejam no termo de referência [documento que orienta a elaboração de Estudos de Impacto/Relatórios de Impacto Ambiental]”.
Próximos passos
Neste primeiro momento, somente estarão listadas as espécies por família botânica, nome científico e nome popular. Contudo, a intenção dos pesquisadores é disponibilizar, também, por região em que se encontram. Além disso, devem, futuramente, entrar no rol, algas, musgos e samambaias, e destacadas as espécies ameaçadas de extinção.
Executado por pesquisadores da UFC, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), da Universidade Regional do Cariri (Urca) e da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA), o estudo é coordenado pelo Programa Cientista-Chefe de Meio Ambiente e financiado pela Fundação Cearense de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (Funcap).