Fortaleza registra o maior número de casos da pandemia na última semana de fevereiro

Óbitos também vêm aumentando neste ano, apesar de ainda não serem tão significativos quanto no pico do ano passado

A última semana epidemiológica de fevereiro, referente ao período entre os dias 21 e 27, marcou, em Fortaleza, o maior acumulado de novos casos de Covid-19 de toda a pandemia. Nessa semana, foram 6.844 infectados na Capital. Até então, o maior registro havia acontecido entre os dias 26 de abril e 2 de maio de 2020, quando a cidade somou 6.829 casos. Os dados são do IntegraSUS — plataforma do Governo do Ceará que monitora o contágio.

O aumento da contaminação antecede o decreto de lockdown em Fortaleza, que passou a valer apenas no último dia 5 de março e, tendo sido prorrogado, segue até o dia 21 deste mês. 

Para o infectologista e consultor da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE), Keny Colares, o isolamento social rígido de atualmente só deve repercutir nas estatísticas do IntegraSUS na próxima semana. “Por enquanto, dá a impressão de que [a pandemia] chegou ao platô e não está melhorando, mas também não está piorando rapidamente, como aconteceu em alguns locais”, analisa o especialista. 

Somente com o consolidado de 15 dias de isolamento rígido é que, talvez, segundo Keny, o governo possa saber se as medidas tomadas até então são suficientes para jogar a curva de novos casos para baixo ou se vai ser preciso tomar atitudes mais drásticas.

Desobediência às medidas de distanciamento social

O infectologista acredita que o aumento de casos não só em Fortaleza mas, também, em todo o Ceará, ainda é reflexo da desobediência às medidas de distanciamento social ao fim do ano passado. Além disso, ele ressalta o aumento da capacidade de testagem, o aspecto climático, que favorece a transmissibilidade de doenças respiratórias, a circulação da variante do coronavírus e a queda do bloqueio imunológico adquirido pela população em 2020. 

Tendência é de aumento de óbitos

De acordo com o IntegraSUS, apesar de o número de óbitos da segunda onda da pandemia não ser ainda exorbitante como na primeira, as mortes vêm aumentando este ano. De 10 de janeiro a 10 de fevereiro, foram 280 vidas perdidas na Capital. Enquanto que, de 11 de fevereiro a 11 de março, esse número já subiu para 594, configurando um aumento de 112%.

“A proporção de indivíduos que morre atualmente é menor que a proporção anterior porque a gente aprendeu a melhor hora de internar, o melhor remédio, a hora certa de fazer um oxigênio, intubação. A gente melhorou muito o cuidado com esse paciente”, observa o médico.

Ele acrescenta ainda que estão sendo acometidas pessoas mais jovens, entre 20 e 40 anos, que não têm tantas comorbidades quanto os idosos — principais vítimas do início. 

Contudo, explica, o número de óbitos tende a aumentar após a escalada de casos confirmados, o que leva a crer que, nas próximas semanas, é possível que a quantidade de mortes registradas continue a crescer.

Março teve pico de óbitos na segunda onda

O boletim semanal da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirma a tendência de crescimento de óbitos, pois "o aumento do número de mortes a cada 24 horas é consistente desde novembro, tendendo a um padrão exponencial nas últimas semanas", informou o órgão.  Considerando a média móvel nesta segunda onda, o pico foi de aproximadamente trinta óbitos (30,3) no dia 8 de março.

Apesar dos dados alarmantes, as mortes dos últimos sete dias (19,4) apresentaram diminuição de 17% em comparação à de quatorze dias antes (23,4), considerando a média móvel. Segundo a SMS, o cenário em Fortaleza "já é considerado de moderada a alta mortalidade".