Coronavírus: Grande Pirambu pode ser ponto crítico de contágio após Regional II, diz Prefeitura

Área registra grande densidade populacional, com até 60 mil pessoas vivendo no mesmo quilômetro quadrado

O novo coronavírus chegou a Fortaleza nos bairros mais centrais da cidade, na Regional II, de acordo com a Prefeitura. Porém, com o avanço dos casos, a covid-19 ameaça agora os bairros da periferia da Capital, sobretudo na Regional I, onde há maior densidade populacional, como alerta o coordenador da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e professor do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, Antonio Lima. 

“Esse momento é de propagação para outras áreas e mais preocupante no Grande Pirambu e no Grande Vicente Pinzón, porque temos observado casos graves e óbitos suspeitos nesses bairros”, explica Lima.

Até a manhã desta sexta-feira (10), a cidade registrou 1.313 casos confirmados e 45 óbitos. A infecção viral teve como porta de entrada os bairros Meireles e Aldeota, que possuem maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), “vinculada a casos importados que vieram de outros Estados e países”. 

Contudo, na última semana, mais de 90 bairros já apresentaram registros de pelo menos um caso da doença.

“Estamos falando de áreas vulneráveis, com muitos habitantes por domicílio e onde o isolamento é mais difícil. Por isso, a gente tenta bloquear o aumento de casos”, diz o coordenador, reforçando o isolamento social como medida importante de prevenção.

Adensamento

Segundo a plataforma Fortaleza em Mapas, do Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), o Grande Pirambu - formado por bairros como Cristo Redentor, Barra do Ceará e Carlito Pamplona - tem densidade entre 26 mil e 61 mil pessoas por km². No Vicente Pinzón, a medição varia de 24 mil a 49 mil habitantes por km².

O especialista ressalta que, quando um caso grave ou uma morte é notificada num bairro, “significa que você está vendo só o topo do iceberg”, já que o número de casos graves representa de 5% a 10% dos casos totais.

Antonio Lima reforça que, sem aplicar o isolamento social, Fortaleza poderia ter até cinco vezes mais casos de coronavírus do que os contabilizados até o momento. Ele destaca ainda que a Capital tem realizado um número de testes “bem elevado”, entre 250 e 400 exames diariamente.