Com 1,3 mil doses perdidas, só 0,02% de vacinas da Covid entregues não puderam ser usadas no Ceará

A quantidade se refere a situações em que houve quebra de frascos ou armazenamento inadequado e está dentro dos 5% aceitáveis pelo Ministério da Saúde

Se em todas as campanhas de vacinação cada dose importa, na da Covid, doença que somente no Ceará já matou 23 mil pessoas, cada imunizante é mais do que precioso. Com isso, a situação indesejável de perda das doses que, geralmente, ocorre em outros processos, por exemplo, por quebra dos frascos ou armazenamento inadequado, tem demandado mais atenção ainda.

No Ceará, felizmente, esse dano tem sido mínimo.  Das 5,3 milhões de doses recebidas até esta segunda-feira (12), somente 1,3 mil foram perdidas. Uma proporção de 0,02%. Essa dimensão está dentro dos 5% aceitos pelo Ministério da Saúde no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19.

As perdas de doses são previstas em todas as campanhas de vacinação e, geralmente, são registradas quando os imunizantes já estão nas cidades em que vão ser aplicados. Podem ocorrer por problemas no transporte ou na conservação, por exemplo. 

As perdas podem ser: 

  • Técnicas - como quando ocorre abertura de um frasco multidoses e nem todas as doses são aplicadas e o prazo vence.
  • Físicas - como as quebras de frascos devido a erros de manipulação, problemas com a rede de frio, prazos de validade vencidos, entre outros. 


No Ceará, das 1.378 doses perdidas até o momento, segundo informações do vacinômetro da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), 990 foram da Astrazeneca, 370 da Coronavac e 18 da Pfizer. Não há registro de nenhuma perda da vacina da Janssen.

Nos dados publicados diariamente pela Sesa no vacinômetro não há detalhamento das cidades onde esses danos foram registrados. O Diário do Nordeste solicitou esse detalhamento, mas não obteve retorno da Sesa até a publicação.  

Motivos mais recorrentes

No Estado, as perdas mais relatadas pelos municípios são as físicas, ou seja, aquelas, segundo a Sesa, “consideradas evitáveis, como, por exemplo, quebra de frasco, falta de energia elétrica, falhas no equipamento, validade vencida, procedimento inadequado e falha no transporte, dentre outras”. 

Até o momento, “fatores como falta de energia causada por oscilações na rede elétrica e alterações de temperatura por problemas técnicos relacionados aos equipamentos têm sido responsáveis pela maior parte dessas perdas”, informa a pasta.

Todas as perdas devem ser comunicadas pelos municípios oficialmente ao Ministério da Saúde por meio dos sistemas de registro da vacinação. 

A identificação dos motivos geradores das baixas das doses, de acordo com a Sesa, “é fundamental para que possamos contribuir para a mudança e transformação na realidade encontrada, repercutindo na melhoria do serviço ofertado à população do Estado”.

A Secretaria garante ainda que no Estado várias capacitações têm sido executadas pela  Célula de Imunização juntamente com a equipe técnica da Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (CEADIM).

Em julho, a Escola de Saúde Pública (ESP) também dará suporte na formação através dos cursos de Rede de Frio e Implementação em Sala de Vacina nas cinco Superintendências das Regiões de Saúde do Estado. 

As formações, indica a Sesa, também enfatizam as variadas particularidades de temperatura, armazenamento e conservação dos imunobiológicos atualmente disponíveis contra Covid-19. 

Cálculo do aproveitamento

Cada processo de vacinação no Brasil tem um cálculo sobre as possíveis perdas vacinais. Conforme o Plano Nacional de Imunização contra a Covid, do Ministério da Saúde, inicialmente foram estabelecidas como aceitáveis perdas operacionais de até 5% do total de imunizantes. 

Questionada sobre os índices de perdas nessa campanha em comparação com outras, como a gripe, a Sesa indicou que “estamos identificando uma evolução em todo o Estado no que diz respeito à minimização dessas perdas com as vacinas da Covid-19 quando comparadas às da Influenza”. 

A pasta reforça que tanto é preciso prezar pela qualidade da cadeia de frio como na capacitação dos profissionais que manipulam vacinas.