Ceará é o terceiro estado do Nordeste em atraso de vacinação

Estado tem quase um milhão de faltosos, conforme dados do Ministério da Saúde

O processo de imunização no País tomou um ritmo mais acelerado, quando comparado ao primeiro semestre do ano. Mais da metade da população (aproximadamente 54%) está vacinada com as duas doses ou dose única. No entanto, 18 milhões de vacinas ainda aguardam seus destinatários atrasados, de acordo com o Ministério da Saúde. Somente no Ceará, 961 mil pessoas ainda não voltaram aos postos de saúde para a D2.

A quantidade de faltosos põe o Estado na terceira colocação entre os que têm mais vacinas atrasadas no Nordeste. No País, estamos na sétima posição, de acordo com atualização enviada nesta sexta-feira (29) à reportagem. Especialistas ressaltam a importância de concluir o ciclo vacinal para a proteção ser consolidada.

Quanto mais pessoas se vacinam, diminuem-se as chances de replicação viral e, portanto, estaremos combatendo o surgimento de novas variantes, por isso é tão importante a vacinação. Temos uma preocupação de que surjam mutações que os imunizantes atuais não consigam enfrentar. Não chegamos a isso, mas é um risco que se corre numa população descoberta”
Mario Oliveira
Biomédico e virologista na biologia molecular do Hemoce, em Fortaleza

De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, o Ceará tem 4.851.150 pessoas imunizadas com duas doses ou dose única. Isso representa 52,5% da população do Estado com o esquema vacinal completo. Em 24 horas, entre os dias 28 e 29 de outubro, o Ceará aplicou aproximadamente 88 mil doses dos imunizantes autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Campanhas de engajamento

De acordo com Jocileide Campos, médica pediatra e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), regional Ceará, os atrasos no retorno aos postos se deve, em boa parte, à falta de campanha de vacinação por parte dos governos.

Para Jocileide, falta intervenção na linha de comunicação para esclarecer às pessoas a importância da vacinação. “É necessário um convite massivo, esclarecedor, de alerta. E isso se faz por meio de um engajamento da sociedade, mas com o importante apoio dos instrumentos de propaganda”, explica.

Caroline Leitão, 23, é estudante universitária em Fortaleza. Tomou a primeira dose em seu interior, Guaraciaba do Norte. Perdeu a data para a D2 e dirigiu-se a um posto de saúde na Capital, mas, não tendo comorbidade nem sendo de grupos prioritários, foi recomendada a fazer a repescagem no município em que tomou a D1.

“Confiamos que a queda no número de atrasados se confirme nas próximas semanas. E esperamos que os que não se vacinaram tenham motivos até mais compreensíveis, como confundir a data, e não por terem perdido o interesse em completar o esquema vacinal, pois isso é tudo o que a gente não precisa e tudo o que o vírus quer”, alerta a enfermeira Vania Oliveira, em um posto de Saúde no bairro São João do Tauape.

Preocupação com mutações do vírus

No País, em números absolutos, 18.879.116 pessoas não voltaram aos postos de vacinação no Brasil para completar a imunização. O número é menor que o de duas semanas atrás (eram 20 milhões), mas ainda preocupa.

Em nota, o Ministério da Saúde demonstrou preocupação com os vírus mutantes e reforçou “a importância da segunda dose para garantir a máxima proteção dos brasileiros, principalmente, contra as novas variantes. A orientação é completar o esquema vacinal da Covid-19 para que o caráter pandêmico da doença seja superado no País”.