O número de atendimentos médicos por Covid-19 realizados em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza em 2021 já supera o dobro do total registrado em 2020. Entre 1º de janeiro a 31 de dezembro do ano passado, houve 27.796 atendimentos nas 12 unidades de saúde do tipo na Capital ou cerca de 2.316 assistências por mês.
Já entre 1º de janeiro de 2021 até essa segunda-feira (17), essa quantidade saltou para 56.111 atendimentos. O que equivale a uma média de 409,5 pessoas buscando assistência em cada um dos 137 dias deste ano. Os dados estão disponíveis na plataforma IntegraSUS, atualizada diariamente pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
Vale ressaltar que, para a contagem acima, foram somados dados de dois códigos de doenças referentes à Covid-19, listadas na Classificação Internacional de Doenças (CID). São elas: infecção por coronavírus não especificado (B342), e Coronavírus como causa de doenças classificadas em outros capítulos (B972).
As UPAs cujos dados vêm sendo acompanhados pelo IntegraSUS ficam localizadas nos bairros Autran Nunes, Bom Jardim, Canindezinho, Conjunto Ceará, Cristo Redentor, Edson Queiroz, Itaperi, Jangurussu, José Walter, Messejana, Praia do Futuro e Vila Velha.
94% do total de atendimentos em UPAS este ano foram por Covid
Em 2020, o percentual de atendimentos somente por Covid-19 nas 12 UPAs de Fortaleza era de 86,1% do total, com média diária de 295,2 atendimentos. Nestes pouco mais de quatro meses e meio de 2021, o percentual passou para 94,31%, gerando uma média diária de 747,13 atendimentos. Neste caso, são levadas em conta a B342, a B972 e outras classificações de doenças atreladas ao coronavírus.
Considerando os dados separadamente, as UPAs somaram em 2020 e em 2021, respectivamente, 22.207 e 49.151 infecções por coronavírus não especificado (B342). Em iguais períodos, foram contabilizadas também 5.589 e 6.960 registros de coronavírus como causa de doenças classificadas em outros capítulos (B972).
Pico de transmissão maior impulsionou busca por UPAs
De acordo com o epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) Luciano Pamplona, a maior transmissibilidade da nova variante do Sars-CoV-2 interferiu diretamente no número de atendimentos buscados nas UPAs em 2021.
Com certeza, o pico que a gente teve de transmissão nessa segunda onda foi muito maior do que na primeira. E, coincidentemente, os picos [da pandemia] tiveram mais ou menos o mesmo período”
Pamplona também ressalta que a UPA é um local mais comumente procurado pela população, seja do próprio bairro ou de áreas do entorno.
“É um local onde eles [pacientes] sabem que vão ter um exame secundário, se precisar; vão ter uma intervenção mais imediata. A UPA acaba tendo um suporte maior de resposta” a tratamentos, inclusive, quando direcionados contra a Covid.
Queda na demanda
Embora corrobore que os dados de atendimentos nas UPAs em 2021 estão superiores, Pamplona aponta para um recente “decréscimo importante” na demanda. E isso pode ser confirmado por dados do IntegraSUS.
A quantidade de atendimentos por síndrome gripal realizados em 15 de fevereiro deste ano nas UPAs chegava a 1.209. Foi o pico deste ano. Neste mês de maio, o maior número contabilizado foi de 935 atendimentos, no domingo (16). Numa análise geral, a tendência é de queda.
Levando em conta estritamente a soma dos registros de coronavírus como causa de doenças classificadas em outros capítulos (B972) e as infecções por coronavírus não especificado (B342) o pico de atendimentos em 2021 ocorreu em 12 de março, com 726 ocorrências.
Esta foi a maior quantidade vista desde o início da pandemia. O pico do ano passado foi observado em 29 de abril, mas com 447 atendimentos médicos. O dado mais recente, de domingo (16), aponta para 500 atendimentos de B972 e B342.