Neste domingo (28), é celebrado em todo o mundo o Dia do Orgulho LGBT+. Para comemorar a data, a torcida do Ceará Vozão Pride lançou uma nova logomarca que deve ser adotada pelos torcedores tanto em jogos quanto em outras atividades relacionadas ao alvinegro. Mas o que é a Vozão Pride?
Em uma iniciativa pioneira no Estado, cinco amigos torcedores do Ceará se reuniram para lançar um movimento nas redes sociais que buscasse incluir o público LGBT+ em estádios e no dia a dia do clube. Assim, às 19h14 de 24 de janeiro de 2020, nascia a Vozão Pride, projeto que ganhou rápida adesão entre membros da torcida alvinegra.
- A gente começou como um movimento, não pensávamos em fazer uma coisa séria. Porém, uma semana antes, a gente percebeu que estava com medo de fazer aquilo. Não podia ser uma coisa só de comédia, a gente tem que levar mais a sério. A partir daí, a gente criou um objetivo que é levar essas pessoas para o estádio junto com a gente. Juntar o público LGBT+ e levar para o estádio para dar segurança e trazer de volta para o estádio essas pessoas que se distanciaram pelo medo e preconceito que acontecem todos os dias - explica Nathan Cearamor, um dos idealizadores do movimento.
Encabeçado por Nathan, Beatriz, Bruna, Eduardo e Paulo, a Vozão Pride logo estabeleceu metas para a efetiva inclusão do público no cotidiano do Ceará. Confira:
- Aproximação da comunidade LGBT+ com o clube;
- Mobilização da torcida para se - fazer presente de maneira organizada no estádio. (Quando houver condições de segurança adequadas);
- Incentivo geral à adesão do programa de sócio torcedor do Ceará;
- Organizar material e ações de cunho educativo com relação à LGBTfobia;
- Conscientizar a torcida a respeito dos cantos homofóbicos e discriminatórios;
- Incentivo aos torcedores a adquirir produtos oficiais do clube.
Orgulho, respeito e reconhecimento
Com mais de 3000 seguidores nas redes sociais, a Vozão Pride é a primeira torcida LGBT+ de um time do Estado e conta com o apoio de algumas organizadas do Ceará. Apesar disso, uma das principais preocupações do movimento é quanto à recepção dos torcedores alvinegros no estádio.
"A gente quer ver como ser no cara a cara, na hora de ir para o estádio. Correr o risco de verdade que a gente corre, e muita gente apoia. Tem crescido muito porque é um movimento que tem uma reivindicação muito clara e justa. Inclusive, muitos torcedores do Fortaleza entraram em contato com a gente elogiando a torcida. Foi muito importante", ressalta Bruna Costa, uma das diretoras da iniciativa.
"Torcer é uma situação que nos deixa em um estado muito puro de êxtase. Então, durante um jogo, acho impossível evitar certos trejeitos, e vejo essas pessoas com muito medo. Já tivemos relatos de agressão, e vejo as pessoas LGBTs tomando um cuidado extra que acredito que deixe esse ato de torcer menos prazeroso", completa.
A iniciativa deu certo. Nathan e Bruna falam que o Ceará entrou em contato com o movimento, e o projeto é que a Vozão Pride deixe de ser uma causa restrita às redes sociais e se torne torcida organizada do clube, a primeira LGBT+ do Estado. Mesmo sem data definida para o lançamento, ambos afirmam que o reconhecimento é uma vitória da diversidade e da desconstrução de ideias antigas.
"A gente tem que evoluir, crescer. A gente tem que ir quebrando (os tabus), sabemos que não vai ser fácil, não vai ser de um dia para o outro, mas estamos aqui para dar a cara a tapa para fazer de tudo para essas pessoas. A gente espera um Ceará que acolhe. É um clube que já aborda muito as causas raciais, e a gente espere que o clube abrace a nossa causa, e aos poucos indo desconstruindo essa ideia antiga de homofobia, crescendo cada vez mais o movimento e nos dando segurança e apoio", salienta Nathan.