Arthur Cabral comenta sobre Ceará, Basel, mercado da bola e meta de gols; veja entrevista

Revelado no futebol cearense, o atacante de 23 anos atravessa grande fase na Europa

Arthur Cabral é um dos principais atacantes brasileiros em atividade no futebol europeu. Revelado nas categorias de base do Ceará, o atleta se tornou um dos ídolos do Basel, na Suíça, e soma 12 gols em oito jogos na temporada de 2021-2022.

Em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, o artilheiro comentou sobre a relação com o Vovô, a rotina no novo país e as especulações do mercado da bola sobre uma possível transferência. Com 23 anos, tem um contrato no exterior até 2023.

Confira entrevista com Arthur Cabral

DN: Você está no Basel, da Suíça, desde 2019. Como tem sido esse período no futebol europeu?

"Passou muito tempo, dois anos que estou na Europa. Evolui muito como jogador, como pessoa, aprendi muita coisa aqui não só no futebol, mas na cultura mesmo, tudo é muito diferente. Acredito que evolui muito, nos dois lados, do pessoal e do trabalho, do futebol".

DN: No processo de adaptação, como é a comunicação no elenco do Basel e na rotina da Suíça?

"É complicado porque o idioma oficial aqui é o alemão e é muito difícil, aprendi algumas coisas, mas foi o básico, então tenho aulas de inglês. Até aprendi espanhol no clube, mas quando realmente preciso ‘gastar minha língua', falo inglês porque é comum aqui pessoas que falam até cinco idiomas”.

DN: Você deixou o Ceará em grande fase para o Palmeiras. Em São Paulo, não teve muitas oportunidades até se transferir ao Basel. Esperava viver esse excelente momento na Suíça?

"É difícil dizer que não esperava, ou até dizer que esperava. Eu vinha em um momento muito difícil, infelizmente, as coisas não vinham acontecendo no Palmeiras, a cabeça cria muitas dúvidas, então eu viajei para um país novo, nunca tinha vindo na Europa. Topei esse desafio, de uma cultura diferente, um futebol diferente, pessoas… Você fica com muitas dúvidas, mas graças a Deus consegui enfrentar tudo isso para viver o momento  atual, de duas boas temporadas”.

DN: No momento, são 12 gols em oito jogos pelo Basel na temporada europeia 2021-2022. Tem uma meta específica para a sequência do ano?

“Eu não trabalho com meta, minha meta é jogar amanhã e fazer gol, no outro jogo, gol de novo. Eu posso confessar que tenho uma gana de fazer mais gol do que eu fiz pelo Ceará na minha melhor temporada, quando eu fiz 24 gols. Mas aí vamos ver, se vai ser 30,40 ou 50, não tem isso de meta”.

DN: Artilheiro na Suíça, você é especulado em diversos clubes do futebol europeu. Já recebeu alguma proposta oficial? Como percebe essa situação?

“Eu vivi isso no Ceará, na época que fechei com o Palmeiras tinha muita especulação do Brasil. Depois no Palmeiras, tive muita especulação de empréstimo, até voltar para o Ceará, e agora estou vivendo isso no Basel. Levo da melhor maneira possível, isso é normal e bom, mostra que estou fazendo um bom trabalho, chamando atenção, mas para ser bem sincero, nunca chegou até mim nada de dizer se eu vou ou não, de estar nas minhas mãos. Hoje, é algo que chega no Basel, pode ser até nos empresários, mas até mim, nunca chegou nada”.

DN: Na Europa, tem o desejo de mudar de liga? Sonha com outros cenários para além do Basel?

“Vou estar mentindo se falar que não penso nisso, mas o meu pensamento agora é marcar o meu nome na história do Basel. Sempre deixei bem claro que depois de fazer uma boa carreira no Basel, penso em disputar outras ligas na Europa, maiores, de jogar por outros clubes, de mais visibilidade, e quem sabe disputar uma Champions League, esse é o meu pensamento”.

 DN: Você é paraibano, mas foi revelado no Ceará Sporting Club. Tem saudade do solo cearense?

"Eu sinto saudade de tudo, da cidade, do carinho das pessoas, do clima e do clube (Ceará). Vivi praticamente quatro anos e foram muitas memórias boas, então fui muito feliz e sinto saudade de muita coisa".

DN: Em 2021, durante as férias do Basel, você viajou ao Brasil e visitou o Ceará Sporting Club. Qual a sensação de retornar ao time cearense e rever os profissionais do clube?

"Foi sensacional. Eu fui bem recebido por todos, a maioria das pessoas que eu conheci ainda estavam lá, então foi legal ter essa nostalgia. Foi bom ver quanto o Ceará cresceu e evoluiu na parte do clube mesmo, do CT e da estrutura. Eu cheguei em 2014, e de quando cheguei, em cinco anos, cresceu muito, é surreal hoje. Foi muito legal rever os amigos que fiz, não só os jogadores, então é uma sensação que eu nunca vou esquecer”.

DN: Você ainda acompanha as informações sobre o Ceará Sporting Club, mesmo na Suíça?

"O fuso horário atrapalha muito a questão de assistir jogos, porque são cinco horas de fuso horário, e eu treino todo dia de manhã aqui, então preciso dormir cedo, mas acompanho o máximo que posso. Quando acordo e não assisti ao jogo, mas sei que jogou, olho as redes sociais, vejo os melhores momentos, gols, sempre vibrando com o Ceará”.

DN: A rotina de treinos no Basel é muito diferente da praticada no Ceará Sporting Club? 

"Para ser sincero, não muda muito não. A diferença é que aqui é muito comum treinar de manhã, 90% dos clubes são assim, enquanto no brasil não. No Ceará, por exemplo, a gente treinava só de tarde, algumas exceções pela manhã. Em carga de treino, é parecido, os treinos não mudam muito, a linha de raciocínio é a mesma”.

DN: A concentração para os jogos na Suíça também é parecida com a do futebol brasileiro?

“Quando é jogo fora de casa, às vezes viaja um dia antes e dorme no hotel, mas no jogo em casa (no mando de campo), dorme em casa. Se amanhã tem jogo, e eu estivesse no Brasil, estaria no clube agora. Aqui eu vou pra lá tomar o café da manhã, tem o treino e depois fico no hotel até o jogo. Tem clube que vai na hora do jogo, mas aqui (no Basel) a gente vai de manhã normalmente. Eu acho melhor, durmo melhor em casa, sou bem cabeça, se estou em casa vou dormir mesmo, 22h no máximo. No Brasil, o pessoal não confia muito”.