Show de Roberto Carlos no Pacaembu é cancelado pela Prefeitura de SP; entenda

Apresentação marcaria aniversário de 83 anos do cantor e inauguração de centro de eventos dentro do estádio

O show do Roberto Carlos marcado para a noite desta sexta-feira (19), dia em que o cantor completa 83 anos, foi cancelado pela Prefeitura de São Paulo. A decisão oficial foi comunicada por volta das 16h30. O motivo foi a falta de segurança no local.

A apresentação marcaria a inauguração do Mercado Pago Hall, centro de eventos que fica dentro da Arena Pacaembu. A casa será administrada pela Allegra Pacaembu, concessionária que detém a exploração do local por 35 anos.

"A Prefeitura não autorizou a realização do show do cantor Roberto Carlos, que seria realizado na noite desta sexta-feira (19), na Arena Pacaembu. A decisão foi tomada após a comprovação de falta de segurança durante vistoria conjunta dos Bombeiros e Contru, órgão municipal que atesta justamente a segurança de edificações", diz o comunicado da gestão municipal. 

Nesse mesmo horário, a Allegra Pacaembu ainda afirmava que o show ocorreria normalmente e, minutos depois, ainda enviou um e-mail para as pessoas que compraram o ingresso dizendo que a apresentação estava confirmada. 

Por volta de 17h45, no entanto, a concessionária voltou atrás e informou o cancelamento. No comunicado, a empresa disse “cumprir com as determinações da Prefeitura de São Paulo, que não autorizou a realização do espetáculo, indeferindo o alvará para a sua realização.”

LAUDO DOS BOMBEIROS

Na quinta-feira (18), o Corpo de Bombeiros de São Paulo enviou à Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) o pedido de cancelamento do show do cantor Roberto Carlos por falta de segurança no local.

Segundo o laudo dos Bombeiros assinado pelo Coronel Comandante Alexandre Merlin, o espaço ainda segue em obras e apresenta, de acordo com inspeção feita pelo órgão, 18 irregularidades, entre elas, rotas de fuga obstruídas, hidrantes despressurizados, falta de instalação de sistema central de alarme de incêndio e chuveiros anti-incêndio e portas contra fogo ainda em fase de instalação. A Allegra, ainda de acordo com os Bombeiros, não teria solicitado a vistoria dentro do prazo exigido por lei.

O documento ainda alertava que o evento não tem licença do Corpo de Bombeiros para ocorrer. "Caso o evento ocorra, será em total revelia ao Corpo de Bombeiros", diz o texto. Ainda segundo o órgão, o espaço foi advertido na quinta-feira (18), mesmo dia em que a SMUL recebeu o pedido de cancelamento.

Em nota, a assessoria de imprensa da Allegra Pacaembu afirmou possuir a autorização emitida pela Prefeitura de São Paulo para abrir o espaço. Disse ainda que o evento atenderia "todas as normas vigentes na cidade e oferecerá as condições de conforto e segurança necessárias para uma experiência de alta qualidade".

A respeito do ofício do Corpo de Bombeiros, a concessionária afirma que dará todas as respostas necessárias à corporação, "demonstrando que cumpre a legislação para um evento temporário."

'NÃO TINHA COMO LIBERAR'

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), explicou o que motivou o impedimento ao espetáculo. "Nós cumprimos uma determinação de impedir um evento que não garantia a segurança para as pessoas conforme avaliação do Corpo de Bombeiros e técnicos da Prefeitura", disse Nunes. "Infelizmente não tinha como autorizar devido ao risco às pessoas".

O centro de convenções onde a apresentação de Roberto Carlos está prevista para ocorrer foi projetado para receber até 8,5 mil pessoas. Entretanto, nesse show do cantor, deve receber um público de pouco menos de 3 mil pessoas.

FÃS CHEGARAM SEM AVISO DO CANCELAMENTO

Na porta da Arena Pacaembu, na noite desta sexta-feira (19), o sentimento era de frustração pelo cancelamento do show de Roberto Carlos. Por volta das 18h, o público que ainda não sabia da decisão começou a chegar para o show marcado paras às 21h.

O comerciante Leonildo Fabiano, 73 anos, só soube do cancelamento ao chegar no local. Ele veio de Campinas, no interior de São Paulo, acompanhado pela mulher, Cecília de Mello. "Acho uma falta de respeito muito grande. Com tantas formas de comunicação que existem hoje, a empresa não avisa nada... É desagradável", disse.

A cirurgiã dentista Luciana Oliveira, de Indaiatuba, além de frustrada, estava assustada com a notícia de que a casa não oferecia segurança. Essa seria a primeira vez que ela assistiria um show do Roberto. Pagou R$ 1.650 para ficar na frente. "A maioria do público do Roberto é de idosos. Se acontecesse um incidente lá dentro, como essas pessoas iriam correr, sair?", questionou.

No horário marcado para a abertura dos portões, às 19h, o que se via na passarela montada no meio do gramado para o público poder acessar o local do show era o vai e vem de trabalhadores que deixavam o Pacaembu ainda em obras.