A jornalista Patrícia Poeta retornou a cidade natal São Jerônimo, no Rio Grande do Sul, em um cenário desolador. O local foi um dos muitos atingidos pela tragédia climática enfrentada por todo o estado.
Após mais de três semanas de chuva, mais de 90% das cidades gaúchas está tomada pela água. Mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas pelas enchentes. Durante a cobertura do desastre, Patrícia Poeta reencontrou amigos de infância e familiares.
Um dos reencontros ocorreu ao vivo, quando ela viu a prima Neti Poeta e ambas ficaram emocionadas.
"Já tinha chorado outro dia e é algo que procuro não fazer, mas não teve como. Sou humana, antes de ser jornalista. E, além de ser meu povo ali, era minha família, meus amigos, pessoas que nasci e com quem fui criada. São laços que o tempo não desfaz", disse Patrícia Poeta em entrevista a colunista Fábia Oliveira, do Metrópoles.
Ela disse que visitou primos, tios, amigos de infância e amigos da família no período em que está em São Jerônimo. Um dos momentos de maior alívio foi o resgate do irmão da mãe dela, Evaldo.
"Ele estava doente, ilhado em casa, numa área rural. E não saía porque não queria deixar os animais desamparados, sozinhos. Saiu na sexta-feira (dia 17 de maio) porque soube que eu estava lá", conta.
A jornalista ressaltou que não perdeu nenhum ente ou amigo durante a tragédia - até o momento, são mais de 150 mortes e 94 desaparecidos em todo o estado. Ela disse que, por enquanto, não tenho como quantificar o tamanho do prejuízo dos familiares com as enchentes.
Além das pessoas, Patrícia Poeta falou sobre o reencontro com a própria cidade, local das lembranças da infância. "Foi de uma tristeza que não posso te descrever", disse. "É segurar para não chorar a todo momento. Não passei por nada do que eles passaram, mas, nessa hora, ouvindo os relatos, você sofre junto. É angustiante".
"Quando pisei em São Jerônimo, foi um misto de emoções. Veio tudo na minha cabeça. Um filme da infância, adolescência, vida adulta também, porque nunca deixei de ir pra lá pra ver o pessoal. São minhas origens, de onde vim e de onde guardo bons momentos de vida. Fica impossível você não comparar como era e como ficou", relembra.
Mesmo com toda a tragédia, Patrícia Poeta disse que acredita na fortaleza do povo gaúcho e que torce pela reconstrução de todo o estado. " Agora, é começar a reconstrução, a se reerguer. É nisso que penso, nesse momento. Quero ver os ‘meus’ bem, retomando suas vidas, voltando a sorrir", ressalta.