Antes de Taylor Swift, shows do RBD, Calcinha Preta e KLB registraram mortes no Brasil

Tragédias ocorreram por pisoteamento, aglomeração e calor

A morte da estudante Ana Clara Benevides, de 23 anos, durante show da cantora Taylor Swift nesta sexta-feira (17) no Rio de Janeiro, reacendeu o debate sobre a organização de grandes plateias, sobretudo em uma época em que o calor vem batendo recordes.

Mas essa não é a primeira vez que aglomerações em shows acabam em desastre no Brasil. O Diário do Nordeste relembra casos anteriores.

KLB em 2003

A adolescente Daniela Aparecida Rodrigues da Silva, de 14 anos, morreu durante uma apresentação da banda KLB, no interior de São Paulo. Ela desmaiou na terceira música e foi levada para a Santa Casa da cidade.

A primeira versão dada pela família era de que a adolescente teria sido vítima de um infarto fulminante. 

Depois, o laudo confirmou que, durante o desmaio, o líquido que estava no estômago da menina pode ter se alojado nos pulmões, causando então um afogamento em Daniela. 

O trio formado por Kiko, Leandro e Bruno, só soube da morte após o show. "Temos muito carinho por todos os fãs e sempre respeitamos as manifestações carinhosas, sempre nos preocupamos com a segurança dos fãs, mas este episódio mexeu profundamente com a nossa emoção. É uma perda irreparável", afirmou Kiko em 2003.

Calcinha Preta em 2005

Cinco pessoas morreram pisoteadas em maio de 2005 durante um show da banda Calcinha Preta, na antiga casa de shows Vila do Forró, na periferia de Fortaleza. 

Foram identificadas as seguintes vítimas: Natalide Barbosa de Andrade, 21, Maria Ivanilde Torres da Silva, 38, Maria do Socorro de Lima Silva, 53, Zioneida Geracina da Silva, 29, e Paulo Sérgio Silva Catarino, 26.

"Cinco pessoas haviam sido pisoteadas e mortas, em meio a uma confusão gerada pela superlotação do local. Considerando a gravidade da situação, o próprio delegado seguiu para o local da tragédia onde, além dos mortos, encontrou várias pessoas feridas e uma multidão, do lado de fora, querendo saber quem eram as vítimas fatais", dizia o comunicado do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) na época.

“A casa estava superlotada, não cabia mais ninguém. Como houve, tudo indica, excesso na venda de ingressos para o show da banda Calcinha Preta, quem ficou do lado de fora queria entrar, alheio à falta de organização de seus promotores”, disse ao Diário do Nordeste o delegado Ronald Queiroz, que estava de plantão no 11º Distrito Policial (Pan-Americano) naquela madrugada.

Após o ocorrido, a Prefeitura de Fortaleza fechou essa e mais 12 casas de forró do município. A casa noturna não possuía alvará de funcionamento nem o certificado de vistoria obrigatório emitido pelo Corpo de Bombeiros. 

RBD em 2006

Era manhã de 02 de fevereiro de 2006. O grupo RBD era febre no país em razão da exibição da novela Rebelde, que havia começado nove meses antes no SBT quando uma rede de supermercados promoveu um pocket show da banda no estacionamento de um shopping center em na Zona Sul de São Paulo

O evento tinha tudo para ser calmo. De acordo com a organização, na época, apenas cem senhas para autógrafos do primeiro álbum do RBD haviam sido disponibilizadas, mas a polícia estima que em poucas horas, 5.000 fãs, dentre eles muitas crianças, compareceram ao local. Houve tumulto por conta da aglomeração na manhã quente e os bombeiros tiveram que jogar jatos de água na plateia. 

Estima-se que apenas três seguranças trabalhavam na ocasião para conter a legião de fãs, foi então que um alambrado cedeu e várias pessoas foram pisoteadas. O grupo, que havia se preparado para cantar quatro músicas, foi retirado do palco pela organização ainda na segunda performance. 

Morreram naquela manhã Jennifer Chaves, de 11 anos, Fernanda Silva Pessoa, de 13 anos e Claudia Oliveira Sousa, de 38 anos. Cerca 40 pessoas ficaram feridas e receberam atendimento no local ou em hospitais próximos. 

O RBD faria uma participação no programa Domingo Legal no dia seguinte. A apresentação foi cancelada, mas os integrantes falaram sobre o ocorrido em entrevista ao Programa do Ratinho. 

"Viemos com todo o amor, com a intenção de entretê-los. Estamos muito tristes, muito impressionados com isso”, desabafou Anahí. "Queremos dar os pêsames para as famílias. É uma tristeza muito profunda”, complementou o hoje ex-integrante Alfonso Herrera. 

Já neste ano, Alfonso Herrera disse ao jornal El País que “até hoje tem um pouco de medo quando vai a um lugar onde tem muita gente". "Anos depois voltamos ao Brasil, reencontramos os familiares e eu conheci o pai de uma das meninas que perdeu a vida. Aquele acontecimento me marcou de uma forma muito profunda e por mais que eu tente dar a volta por cima, ele ainda está", comentou.

O inquérito policial do caso indiciou por homicídio culposo (sem intenção de matar), três funcionários da rede: o diretor comercial de bazar, Jean Evangelista Gonçalves, o coordenador de gestão comercial, José Lúcio de Moura, e o assistente Ricardo Ferreira Neves.

João Bosco e Vinícius em 2010

Outra tragédia, desta vez no meio sertanejo, ocorreu em 2010 no Brasil. Desta vez, quatro pessoas morreram pisoteadas durante a abertura dos portões do rodeio de Jaguariúna, a 124 quilômetros da capital paulista. 30 mil pessoas queriam ver o show da dupla João Bosco e Vinícius. A programação foi mantida.