Apesar dos 13.126 km de distância que separam a Rússia de Quixadá, o sonho de um trio de estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC), no campus da cidade do Sertão Central, está prestes a se tornar realidade. Douglas Nóbrega, Claro Sales e Paulo Miranda se classificaram para a final da maior maratona da área de programação, a International Collegiate Programming Contest (ICPC), que ocorrerá em Moscou, em outubro deste ano.
A conquista inédita foi proporcionada a partir de resultados obtidos pela equipe em outra competição, em 2019. Os alunos foram convidados pela organização do ICPC para a final mundial após se classificarem, com medalha de bronze, em 7º lugar nacional e 15º lugar na América Latina, na final da 24ª edição da Maratona SBC de Programação, organizada pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) na cidade de Campina Grande.
Neste cenário, o trio tem aprimorado suas habilidades, desde 2017, no Grupo de Estudos para a Maratona de Programação (Gemp) da UFC e, segundo o coordenador e treinador Wladimir Tavares, inicialmente, o seu intuito era promover a disseminação dos estudos aos alunos por meio do Gemp, mas isso os levou a caminhos maiores.
A minha ideia era usar a maratona como um pretexto para que os alunos estudassem mais, se interessassem por algoritmos e por programação, e tem muito a parte do autodidatismo também. Mas eles ficaram mais interessados e mostraram que poderiam ir mais longe”
Com a classificação internacional, Tavares destaca que a conquista mostra como o trabalho realizado pela UFC "está em pé de igualdade com as maiores universidades do Brasil e do mundo. Além disso, esse resultado motiva todo o corpo discente a superar seus limites".
O estudante Douglas Nóbrega, do curso de Engenharia da Computação, relata que desde o início da graduação o grupo tinha a meta de ir à competição mundial. “A gente tinha isso como objetivo, mas a gente não sabia se era algo alcançável. Colocamos uma meta alta para focar nela e tentar, né? E a gente ficou muito feliz de conquistar isso, a gente tinha feito até promessa de fazer uma tatuagem se passasse”.
O aluno explica ainda que o resultado foi alcançado com muito esforço da equipe, inclusive com estudos focados aos finais de semana, o que proporcionou experiências e oportunidades para além da competição, como o estágio em grandes empresas. Atualmente, o estudante faz parte da equipe da multinacional Google.
Quando você vai fazer entrevista de emprego na área de tecnologia, são passados problemas pra resolução em, geralmente, 45 minutos e, depois disso, você tem que explicar a solução. E como na maratona você resolve muitos problemas, você tem um nível muito alto pra fazer isso, é algo bem mais rápido. Já aconteceu comigo de eu participar de uma entrevista e o problema da entrevista eu já tinha resolvido na maratona”
A equipe pretende participar presencialmente da disputa na Rússia daqui a alguns meses, seguindo os protocolos de saúde necessários devido à pandemia da Covid-19.
No entanto, de acordo com o professor Wladimir Tavares, a viagem ainda é incerta, pois a competição exige a completude do esquema vacinal, além dos custos das passagens aéreas.
“Nós tentamos viabilizar essa ida, entrando em contato com as fundações de apoio à pesquisa para custear as passagens, porque a hospedagem, a alimentação e o transporte lá já são inclusos”, conclui o docente.