Localizada a 18 quilômetros de Monsenhor Tabosa, interior cearense, a aldeia indigena Ywaká Pisasu Upé: Mundo Novo está com os acessos fechados desde maio de 2020 devido à pandemia de Covid-19. Por causa do isolamento e dos cuidados, não há registro da doença pandêmica nas 35 famílias que habitam a comunidade.
"Nas aldeias e comunidades aqui próximo estão acontecendo muitas mortes [pela Covid-19], então nós mantemos as cancelas fechadas. Somos mais de 200 pessoas, indígenas, da etnia potiguara”, revela a líder indígena Teka Potyguara, de 67 anos.
Segundo a líder indígena, todos que moram na aldeia e têm mais de 18 anos já foram vacinados com as duas doses. No entanto, os cuidados permanecem e não há previsão de reabertura dos acessos.
"Temos vários menores de 18 anos e é isso que nós temos o cuidado. A gente sabe que a vacina não garante 100% de imunização, que só vai ficar maior quando todo o Brasil se vacinar. Enquanto isso, a gente vai permanecer isolado, usando álcool em gel e mantendo o distanciamento e as fronteiras fechadas", esclarece Teka.
Com as barreiras sanitárias impostas, nem mesmo os familiares distantes têm permissão para entrar na aldeia. "A gente acha que não fomos contaminados por causa do fechamento das fronteiras. Mesmo os nossos parentes que moram na cidade, nós não deixamos vim aqui. Às vezes eles não entendem, mas a gente assiste muito o jornal e vemos que tem que manter [o isolamento]", diz a líder.
Vivência
Para conseguir manter o isolamento da aldeia, foi preciso uma logística de funcionamento. De acordo com a líder indígena, em relação à educação, a comunidade mantém uma escola que atende os estudantes locais, do Ensino Infantil ao Médio.
Quando precisam sair para necessidades básicas, como ir ao banco ou fazer compras em supermercados, “as pessoas aqui escolhem, cada uma, uma só pessoa (vacinada) para sair e ir ao banco ou fazer compras. Aqui só entra o carro da saúde e o carro-pipa para abastecer”.