Sem cura, pressão alta afeta 1 em cada 4 moradores de Fortaleza; veja sintomas

Sedentarismo, tabagismo e estresse estão entre os principais fatores que dificultam o controle da doença

Problema de saúde que acompanha milhares de pessoas ao longo da vida, a hipertensão arterial tem alta prevalência em Fortaleza. Na cidade, um em cada quatro adultos possui diagnóstico da condição, segundo a pesquisa Vigitel 2023, do Ministério da Saúde.

Percentualmente, 24,8% responderam positivamente à pergunta: “algum médico já lhe disse que o(a) sr.(a) tem pressão alta?”. Entre as mulheres, o índice foi de 25,6%, maior do que os 23,8% dos homens.

Apesar do alto valor, Fortaleza é a 7ª capital do Nordeste com a maior taxa, à frente apenas de Teresina (23,8%) e São Luís (19,2%). Nacionalmente, os maiores percentuais foram encontrados no Rio de Janeiro (34,4%) e em Porto Alegre (33%).

Segundo o Ministério da Saúde, a hipertensão arterial ocorre quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou passam dos 140/90 mmHg (ou 14 por 9). A pressão alta faz com que o coração se esforce mais do que o normal para que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.  

O problema é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC), infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. “O bom controle da pressão é fundamental para evitar essas complicações”, alerta o médico Ulysses Cabral, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia no Ceará (SBC-CE).

Segundo o especialista, a maior parte dos casos de hipertensão - cerca de 95% - tem origem genética ou familiar. Ou seja, o paciente herda a condição dos pais e a desenvolve, normalmente por volta de 40 a 50 anos. No entanto, na prática, os cardiologistas têm observado um diagnóstico cada vez mais precoce.

“Por volta dos 30 anos, quando a pessoa já está no dinamismo do trabalho, do estresse, muitas vezes acima do peso. A gente vê condições até em adolescentes obesos, que já são hipertensos por conta desse fator ambiental”, explica Cabral.

Os demais 5% advêm de causas secundárias, porém mais raras, como distúrbios na glândula suprarrenal ou má formação da aorta.

388
pessoas morrem por dia por hipertensão, no Brasil, conforme o Ministério.

Fatores de risco

A pressão alta é hereditária, mas há diversos fatores que influenciam nos níveis adequados, como os hábitos de vida do indivíduo.

A Vigitel 2023 aferiu outras condições de saúde e comportamentos dos fortalezenses que podem contribuir para a pressão alta. Entre eles, estão a obesidade, que atinge 27,7% da população adulta, e a inatividade física, comum entre 15,6%. 

  • Tabagismo: 6,5%, sendo 8,1% entre homens e 5,2% entre mulheres
  • Excesso de peso: 63,3%, sendo 65,4% entre homens e 61,6% entre mulheres
  • Obesidade: 27,7%, sendo 25,2% entre homens e 29,8% entre mulheres
  • Consumo de alimentos ultraprocessados: 16,4%, sendo 18% entre homens e 15,1% entre mulheres
  • Prática insuficiente de atividade física: 41,3%, sendo 36,8% entre homens e 45,1% entre mulheres
  • Inatividade física: 15,6%, sendo 18,8% entre homens e 12,9% entre mulheres

Conforme o médico Ulysses Cabral, os principais fatores que dificultam o controle da doença são sedentarismo, obesidade, tabagismo e estresse.

“A maioria das pessoas precisa tomar medicamentos anti-hipertensivos para controlar, aliados a medidas não-farmacológicas: dieta pobre em sal, controle do peso, atividade física regular e evitar álcool”, recomenda.

Quais são os sintomas da pressão alta?

Os sintomas da hipertensão costumam se manifestar apenas quando a pressão sobe muito; nessas ocasiões, podem ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.

A única forma de diagnosticar a hipertensão é medir a pressão regularmente. A recomendação do Ministério da Saúde é que pessoas acima de 20 anos meçam a pressão ao menos uma vez por ano. Se houver casos de pressão alta na família, deve-se medir no mínimo duas vezes por ano.

Tratamento da pressão alta

A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada se os protocolos forem seguidos corretamente. Só um profissional médico pode determinar o melhor método para a condição de cada paciente.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta gratuitamente medicamentos contra o problema em postos de saúde ou pelo programa Farmácia Popular. A receita pode ser emitida tanto por um profissional da rede pública quanto por um médico que atenda na rede particular.