Risco de seca faz Funceme antecipar para dezembro prognóstico da quadra chuvosa de 2024 no Ceará

O adiantamento visa a aceleração de medidas do Governo para reduzir danos gerados pela provável escassez hídrica, caso as chuvas fiquem abaixo da média

Vai chover muito, médio ou pouco no Ceará no próximo ano? A resposta à pergunta que tecnicamente significa se choverá acima, dentro ou abaixo da normal climatológica nos meses da quadra chuvosa interessa à população, ao Governo e a setores da agricultura e da economia. Todos os anos, essa indagação, respondida com o prognóstico das chuvas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) gera certa apreensão.

Agora, com as evidências de uma provável seca no Estado, diante do efeito do El Niño - aquecimento do oceano Pacífico - o anúncio do prognóstico que, em geral, é em janeiro, deve ser antecipado para dezembro. 

O governador Elmano de Freitas solicitou e a Funceme indica que é possível adiantar os dados sobre a probabilidade da ocorrência das chuvas. Acelerar a divulgação dessa informação faz com que medidas possam ser antecipadas, por exemplo, por parte do Governo, para reduzir os danos gerados pela provável escassez hídrica em caso de poucas chuvas.

No Ceará, a estação chuvosa propriamente dita vai de fevereiro a maio. Todos os anos, a Funceme divulga dois prognósticos climáticos: um tradicionalmente em janeiro, que é relativo aos meses de  fevereiro a abril; e outro em fevereiro, sobre as probabilidades de março a maio.

Para 2024, o governador reiterou em live na quarta-feira (29) o que já havia solicitado em uma reunião na terça (28), o adiantamento dessa divulgação. “Infelizmente, a previsão que o Ceará tem é de um ano de seca em 2024 e a Funceme vai apresentar os estudos e estamos com um grupo de trabalho”, reforçou. 

Elmano acrescentou que a ideia é “não esperar a seca chegar para agir” e disse que está confirmado que “a Funceme vai fazer uma apresentação técnica antecipada”. Ao Diário do Nordeste, o presidente da Funceme, Eduardo Sávio, afirmou que a antecipação “é possível” e que a instituição “rodará” os dados ainda este fim de semana

Em complemento, diz ele, “realizará rodadas com cenários adicionais de evolução das condições dos oceanos, em particular, do Atlântico Tropical”.

Como é feito o prognóstico?

O prognóstico é feito a partir da compilação de dados de modelos climáticos e as médias são estabelecidas a partir de referências de pelo menos três décadas no Ceará. Com isso, a Funceme indica probabilidades referentes a uma tendência média do volume acumulado de chuva para o trimestre como um todo no Estado e não para cada mês em específico. 

A média normal climatológica no Ceará para o período fevereiro, março e abril é de 510,1 milímetros. E os parâmetros são os seguintes:

  • Abaixo da média - acumulado inferior a 433 milímetros;
  • Dentro da média - 433,1 milímetros a 587 milímetros;
  • Acima da média - volume ultrapassa 587,1  milímetros.

Em 2023, as probabilidades para o trimestre de fevereiro a março eram de 50% para precipitações acima da normalidade, 40% em torno dela e 10% para chuvas abaixo da média climatológica. O cenário de chuvas acima da média se confirmou. O prognóstico para o trimestre março, abril e maio indicou 40% de probabilidade para chuvas acima da normalidade, 40% em torno dela e ainda 20% abaixo.