Os esgotos de Fortaleza revelam um leve aumento da circulação da Covid: carga viral passou de 5 bilhões para 26 bilhões de cópias do coronavírus por dia, para cada 10 mil habitantes, entre as duas últimas semanas epidemiológicas de outubro. Esse valor, 5 vezes maior, funciona como um alerta para conter a transmissão da doença.
Os dados foram apresentados no novo boletim da Rede Monitoramento Covid Esgotos, publicado nesta quarta-feira (9). Fortaleza e Curitiba aparecem com aumento significativo entre as 5 capitais monitoradas pela rede.
“Apesar do aumento, a carga total de SARS-CoV-2 no esgoto observada para Fortaleza ainda é considerada relativamente baixa, em relação às cargas alcançadas nos períodos mais críticos da pandemia nesta cidade”, pondera o boletim.
Isso porque Fortaleza teve a maior carga viral registrada na semana entre os dias 16 e 22 de janeiro, quando o índice chegou a 2,9 trilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes. Naquele momento, havia um aumento intenso de casos na 3ª onda de Covid.
Ainda assim, os dados mostram a tendência de aumento da circulação do coronavírus na cidade. Entre os dias 16 a 22 de outubro, foram identificados 5 bilhões de cópias do vírus, enquanto dos dias 23 a 29 de outubro, foram 26 bilhões.
Nesse período, 3 pontos de monitoramento tiveram aumento considerável em relação à média de concentração viral:
- Estação Elevatória Barra do Ceará: 1,58 mil cópias
- Estação de Pré-Condicionamento (no Moura Brasil): 3,26 mil cópias
- Estação Elevatória Reversora do Cocó: 0,74 mil cópias
Nos 3 pontos, a concentração saiu de “não detectada” para “moderada”, que é a classificação quando são identificadas entre 4 mil e 25 mil cópias por litro das amostras.
Os dados gerados a partir dos esgotos mostram o aumento ou diminuição da transmissão do coronavírus. No caso de Fortaleza, o aumento da concentração da carga viral acontece junto com o aumento de casos confirmados de Covid.
E o mês de outubro teve um leve aumento no alcance da Covid. Na primeira quinzena, foram 119 casos confirmados e uma morte pela doença. Já entre os dias 16 e 31, foram 188 casos e 2 óbitos causados por coronavírus.
Os registros são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) disponíveis na plataforma IntegraSUS. Os números podem variar conforme o resultado de testes ainda em investigação.
O que os esgotos indicam?
A presença de coronavírus é exatamente um dos indicadores que alertam para o aumento de casos. Em Fortaleza, isso é observado há algumas semanas, como adiantou o infectologista Keny Colares.
"Os indicadores das 2 últimas semanas ainda estão incompletos, mas já é possível notar aumento. Ouvimos colegas começando a referir que estão doentes ou têm familiares doentes, e essas são as primeiras observações de que está chegando uma nova onda, nos próximos meses. Não sabemos o tamanho e as consequências", frisa.
Com a chegada do período chuvoso e a confirmação da ômicron BQ.1 no País, há maior chance de aumento na transmissão do vírus.
É muito possível que nesse período do final do ano e começo de 2023 a gente encare uma onda de casos, com uma queda de imunidade das pessoas que já tiveram contato com vírus e das que tomaram vacina há muito tempo
Keny reforça a importância de todos manterem o esquema vacinal completo e relembra que “se houver uma nova onda de Covid, temos que aumentar a proteção, com uso de máscara e algumas restrições – mas provavelmente nada tão drástico como em 2020 e 2021”.