Observação da Lua e aula com telescópio na Praia de Iracema acontece todo mês; saiba como participar

Noções básicas de astronomia ajudam a compreender os movimentos da Terra e a influência lunar sobre as marés

Olhar a Lua em detalhes por meio das lentes de um telescópio tem encantado crianças e adultos na Praia de Iracema, em Fortaleza, onde uma iniciativa une noções básicas de astronomia com observação do céu. As atividades são realizadas mensalmente, desde abril deste ano, de forma gratuita. 

A ação é realizada pelo projeto Juventude Digital, coordenado pela Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova). O próximo evento é organizado para o dia 14 de outubro, quando acontece um eclipse solar. Mais de 100 pessoas já realizaram a atividade.

Os participantes são reunidos no fim da tarde para uma palestra com 45 minutos de duração sobre os movimentos da Terra e da Lua, como surgiram as crateras lunares e a influência do satélite natural sobre as marés.

É usado o software Space Engine, que simula o universo com base nos dados reais e possibilita aos usuários conhecer planetas, estrelas e astros. Na sequência, o grupo caminha até o calçadão da Praia de Iracema para a observação.

Para isso é usado o telescópio refletor Sky-Watcher 250 mm, capaz de ampliar as imagens em até 625 vezes. Enxergar a Lua de tão pertinho, costuma impressionar, como nota Ednardo Rodrigues, professor de astronomia da Casa de Cultura Digital e colunista do Diário do Nordeste.

“Depois de mostrar a Lua ampliada com o telescópio, as crianças arregalam os olhos, porque todo mundo que olha pela primeira vez toma um susto e fica surpreso”, resume 

Para participar, basta ir à Casa de Cultura Digital, na Praia de Iracema, nos dias e horários divulgados pelo Juventude Digital. As datas são definidas com base no calendário astronômico, considerando os melhores dias para visualizar os astros, e divulgadas no site e nas redes sociais. Não é necessária inscrição.

Evento mais recente

Com o cabelo bagunçado pelo vento e olhinhos apertados no telescópio, Sarah de Araújo gostou dos aprendizados na aula e de conferir a imagem real. "Foi muito legal, é muito divertido, essas coisas me dão curiosidade", disse a menina de 7 anos.

Sarah foi acompanhada do pai André Luis Martins, movido pela “curiosidade de conhecer um pouco do Universo”, como descreveu. A experiência deixou o desejo de voltar e a família deve conferir o eclipse solar de outubro no local.

"Eu trouxe ela, justamente, para ter esse primeiro contato e despertar o interesse. A partir daí, é procurar conhecer novos horizontes, conhecer mais sobre o espaço, e ter mais familiaridade com o assunto", acrescenta André.

Mas, independente da idade, o conhecimento sobre astronomia gera curiosidade, como reflete Paulo Henrique Franco, de 19 anos, que também participou da ação. "A oportunidade de usar um telescópio é algo que eu sempre quis ter, eu já frequentei um laboratório de física, mas nunca tive aula prática. Quando vi esse projeto, vim correndo", comenta.

Uma coisa que eu gostei muito é que, como é aberto, não teve aquilo de uma 'ciência só para alguns', estava aberto até para crianças entenderem. Foi algo muito divertido, é muito legal ver todo mundo assistindo a mesma coisa, porque não temos muito conhecimento
Paulo Henrique Franco
Estudante

Os dois momentos tornam a experiência completa para aprender o básico sobre o tema. "Foi bem parecido com o que apareceu no programa, só que dessa vez foi eu mesmo vendo, não era numa tela de computador. E também é legal ver da beira-mar, com esse vento todo, e o pessoal de fora se interessa também", conclui Paulo.

Na última ocasião, uma pessoa em situação de rua abordou o grupo e conseguiu participar, porque também é um “projeto de inclusão social”, como descreve Ednardo.

“A gente precisa levar a Ciência, tirar o povo da superstição, levar a ciência de verdade e que não é só teoria, tem prática, falar de como a Lua afeta as marés e é muito importante ter esse conhecimento chegando nas pessoas”

Juventude Digital

O Juventude Digital, criado em outubro de 2021, oferece formações para jovens nas áreas de tecnologia, comunicação e informática de forma gratuita, tanto na modalidade presencial quanto virtual. Ianna Brandão, coordenadora da organização, contextualiza que os interessados podem se inscrever por meio do site.

“O Juventude Digital é um programa voltado para que jovens tenham uma formação e direcionamento dentro do mundo do trabalho da tecnologia. Temos cursos de programação, design, dados, marketing, jogos e hardware”, completa.

A iniciativa acontece em parceria com as Secretarias da Juventude e da Educação e já capacitou mais de 16 mil jovens e realizou cerca de 100 eventos, oficinas e cursos.

Serviço

Casa da Cultura Digital: Rua dos Pacajús, 33, na Praia de Iracema.