O que é Vírus Sincicial, que tem causado aumento de pneumonia e bronquiolite em bebês; veja sintomas

Mais de 300 pacientes foram identificados neste ano e doença pode causar aumento das internações por questões respiratórias

Os bebês de até 1 ano de idade estão mais vulneráveis às internações por pneumonia e bronquiolite devido ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que se propaga de forma mais intensa este ano no Ceará. Entre janeiro e março de 2022, foram notificados 93 casos de VSR na faixa etária. No primeiro trimestre deste ano, o registro subiu para 318 diagnósticos.

O monitoramento é feito pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e teve aumento  devido ao aperfeiçoamento dos métodos de testagem, conforme a Pasta. Além disso, o relaxamento das medidas de isolamento e do uso de máscaras colaboram para o cenário atual.

“Os indicadores são oriundos de exames laboratoriais RT-PCR realizados pelo Lacen. A diferença entre os dois anos ocorre, também, em virtude de aprimoramento capaz de garantir maior assertividade e especificidade às testagens”, informou a Sesa.

Para se ter uma dimensão do problema, os registros de pneumonia causados por todos os vírus respiratórios mais que triplicaram, de fevereiro a março deste ano, entre os pacientes da Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza.

O cenário passou de 201 pacientes de 0 a 4 anos, em fevereiro, para 675 casos nesta faixa etária no último mês, conforme o monitoramento disponível na plataforma IntegraSUS, da Sesa.

Mas, afinal, por que isso acontece? Os vírus respiratórios circulam com mais intensidade durante o período chuvoso. No caso do VSR, os bebês abaixo de 6 meses estão mais suscetíveis às formas graves da doença.

Ao contrário dos últimos anos, em que as pessoas usavam máscaras e evitavam encontros sociais por causa da pandemia, os vírus estão com menos barreiras para se proliferar, como explica o infectologista pediátrico Robério Leite.

“Tem circulado bastante esse ano mais do que o observado nos anos anteriores. A pandemia mudou isso por causa das restrições e do isolamento, mas mesmo comparando com anos anteriores está muito intenso e causando muitas internações”, pondera.

O VSR está disputando, nesse momento, com influenza A e B e com o próprio Sars-Cov-2. Do ponto de vista global, é o vírus respiratório de muita importância para crianças atingindo principalmente em bebês abaixo de 6 meses de idade
Robério Leite
Infectologista pediatra

O que é VSR?

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um microorganismo que tem a capacidade de inflamar os bronquíolos, que são estruturas pulmonares. As manifestações mais comuns do vírus são pneumonia e broquiolite, o que prejudica a respiração dos bebês.

“Inflama essa área, que é uma estrutura muito pequena em bebezinhos, e isso explica o esforço da criança para fazer com que o oxigênio chegue”, detalha Robério Leite. Apesar disso, não é muito comum ter febre alta e isso faz com que muitas famílias demorem a buscar uma unidade de saúde. 

“Curiosamente, a febre no caso da infecção por VSR ou não existe ou muito leve. Por isso, as pessoas podem achar que não é algo grave, o que é um problema porque eleva a insuficiência respiratória”, frisa o especialista.

Sintomas do Vírus Sincicial Respiratório:

  • Febre baixa
  • Dor de garganta
  • Dor de cabeça
  • Secreção nasal
  • Tosse persistente
  • Dificuldade para respirar
  • Chiado no peito
  • Lábios e unhas arroxeados

Sem uma vacina ou medicamento específico, especialistas recomendam medidas de higiene e tratamento para os pacientes mais delicados.

Prevenção e tratamento

Como os demais vírus, o uso de máscaras e o distanciamento estão entre as formas de evitar a contaminação pelo Vírus Sincicial Respiratório. Porém, os bebês não podem usar a proteção no rosto pelo perigo de sufocamento.

Por isso, a higienização e o distanciamento de pessoas com sintomas gripais são estratégias importantes de prevenção à doença. O Ministério da Saúde orienta evitar o contato ou exposição da criança com outra pessoa já contaminada, além da limpeza dos objetos que podem estar contaminados, como brinquedos.

“O que a gente tem de novo para prevenção da doença grave em bebês de maior risco, como prematuras extremas, cardiopatas, e doença pulmonar é um anticorpo monoclonal chamado Palivizumabe”, completa Robério.

Nestes casos, os bebês recebem uma aplicação mensal durante 5 meses da substância para evitar os quadros graves.

“Já está aprovada na Europa e quase nos EUA um novo anticorpo monoclonal que facilita a prevenção, porque é aplicado em uma dose única e a proteção se estende por 6 meses”, contextualiza o pediatra.

Novos medicamentos, como o Nirsevimab, estão em análise pelas agências reguladoras e podem ser uma boa alternativa para a proteção contra o VSR.

Vacinas contra vírus respiratórios

As infecções por vírus respiratórios são controladas com as vacinas da gripe e contra a Covid-19. Para aumentar a cobertura dessas imunizações, foi realizado o “Dia D”, no último sábado (15).

O Ceará tem a maior cobertura vacinal contra a gripe do início da campanha, em 27 de março, de todas as regiões do País, exceto do Sul. Foram aplicadas 340.743 doses – destas, 160.142 foram somente na mobilização.

Além disso, 34.254 cearenses receberam a dose de reforço bivalente contra a Covid-19, de acordo com balanço parcial.

Essa onda de vírus respiratórios começa na região Norte e Nordeste no início do ano. Aqui no Ceará começou já em janeiro e agora aumentou bastante. Então, nós temos uma diferenciação em relação ao sudeste e sul e isso dificulta algumas coisas, porque tanto as vacinas como medicamentos chegam tardiamente
Robério Leite
Infectologista pediatra

Vacina da gripe: pessoas a partir de 60 anos, com comorbidades, comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Gestantes e puérperas, crianças entre 6 meses e menores de 6 anos, e professores também estão no grupo. Caminhoneiros, trabalhadores do transporte coletivo e pessoas com deficiência estão entre os aptos a receber a vacina.

Vacina bivalente contra a Covid: pessoas a partir de 60 anos, com comorbidades, comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Gestantes e puérperas, além de pessoas com deficiência, também estão no grupo.