Um ninho de rolinha-roxa ganhou um espaço inusitado na casa de uma família no Genibaú, em Fortaleza, e encantou seguidores nas redes sociais na terça-feira (22). Construído pelo animal em cima de um varal de roupas, o ninho foi descoberto horas após os itens serem estendidos para secar, o que assustou os moradores da residência.
"Coloquei as roupas no varal no domingo e fui retirar ontem, daí quando cheguei ele estava o ninho e um passarinho em cima da roupa do meu filho de 4 anos", contou Gleyce Félix em entrevista ao Diário do Nordeste, ainda surpresa com a novidade em casa.
Veja o vídeo:
De início, o susto foi imediato, mas deu lugar ao cuidado com o animal que antes não fazia parte da rotina dos moradores da residência. "Ele segue aqui, no cantinho dele", explica ela sobre como tem preservado a integridade do ninho desde a descoberta.
Não demorou para que Gleyce contasse a amigos e familiares da novidade, e um dos vídeos feitos por ela acabou sendo publicado em uma página no Instagram. De imediato, seguidores se interessam pela situação, também surpresos, e agora o passarinho é quase uma "celebridade da web".
"Todo mundo pediu para eu deixar, para não tirar. Fica todo mundo nas redes sociais pedindo foto para ver como ele está. Me disseram até que ele deve ficar mais uns 20 dias por aqui e estamos deixando", completou ela.
Local inusitado
Não se sabe em que momento o passarinho resolveu fazer morada na residência de Gleyce, mas o comportamento é, de fato, incomum. "Essa ave tem se tornado comum em Fortaleza, mas assim em cima de uma roupa é bem inusitado. Existem casos de rouxinol que fazem ninhos em roupas e chapéus pendurados, e até em botas", é o que explica Fábio Nunes, biólogo e coordenador do Projeto Cara-suja da Aquasis.
Segundo o biólogo, essas aves têm aparecido de forma mais frequente em cidades como Fortaleza por conta da alimentação. Em uma dieta com base em grãos encontrados no chão e em superfícies, eles acabam se reproduzindo durante o ano e sendo vistas em vários períodos.
"Eles colocam normalmente dois ovos e são chocados pelo casal. Os ovos eclodem entre 11 e 13 dias, enquanto os filhotes saem do ninho com no máximo 14 dias", aponta Fábio Nunes.
O problema, entretanto, reside justamente nesse período de formação dos filhotes, que se concretiza com uma espécie de isolamento. "Quando a ave se assusta pode derrubar os ovos e quando os filhotes estiverem com idade de por volta de 10 dias podem voar prematuramente do ninho se se sentirem assustados", contrapõe.
Enquanto isso, o que se pode pensar é em uma forma de promover um espaço adequado para o fim do processo até o nascimento dos passarinhos. "O que poderia ser feito era uma transferência do ninho", finaliza Fábio, contando também que tudo deve ser feito aos poucos, retirando o ninho e afastando-o para um local mais isolado.