O Ceará tem 57,45% do seu território sem seca, enquanto os outros 42,55% têm seca variando de fraca à excepcional. É o que aponta o Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) sobre a situação do Estado em março de 2024. O cenário, no qual mais da metade do Estado está sem seca, é o mais ameno desde agosto de 2023, quando, naquela altura, 64,26% do Ceará não registrava o fenômeno.
Segundo o Monitor de Secas - que é o acompanhamento regular e periódico, feito mês a mês, pelo Governo Federal para acompanhar se a situação da seca está melhorando ou piorando -, de outubro de 2023 a janeiro de 2024, o Ceará esteve com 100% do território com seca. Em fevereiro, com o início oficial da quadra chuvosa no Estado, a situação foi sendo alterada e a seca recuando.
Além disso, até janeiro de 2024, o Ceará tinha parte do território com incidência de seca mais severa. Esse índice, que era 2,3% do território em seca de grave à excepcional, foi sendo amenizado no decorrer dos meses.
O boletim do Monitor de Secas referente a março também indica que as anomalias positivas de precipitações, ou seja, o volume de chuvas acima da normalidade na Região Nordeste gerou uma “melhora na situação de seca na maioria dos estados, com destaque para o abrandamento da seca, que passou de grave para fraca no Maranhão e Piauí. Nas demais regiões, houve uma redução das áreas com seca moderada e seca fraca.
Segundo o Monitor de Secas, no Ceará, as chuvas dos últimos meses geraram “o recuo da seca moderada no centro e sul e da seca fraca no norte”.
Áreas sem seca nos estados do Nordeste (março de 2024):
- Alagoas: 50,4%
- Bahia: 33,4%
- Ceará: 57,45%
- Maranhão: 52,19%
- Paraíba: 74,8%
- Pernambuco: 25,62%
- Piauí: 43,52%
- Rio Grande do Norte: 98,8%
- Sergipe: 36,64%
O que é o monitor das secas?
As informações divulgadas pela ANA são produzidas mensalmente por um grupo de instituições de diversos Estados e do Governo Federal, de forma colaborativa. No caso do Ceará, uma das instituições participantes é a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
O Monitor das Secas classifica o fenômeno pela intensidade, e a seca pode variar de S1 (seca menos intensa) até S4 (a mais intensa). Já o S0, diz o Monitor, “são áreas com condições de umidade anormalmente baixa e estão secando e podem, possivelmente, virar áreas de secas”.
A classificação é a seguinte:
- S0 - Seca Fraca: veranico de curto prazo diminuindo plantio, crescimento de culturas ou pastagem. Saindo de seca: alguns déficits hídricos prolongados, pastagens ou culturas não completamente recuperadas;
- S1 - Seca Moderada: Alguns danos às culturas, pastagens, córregos, reservatórios ou poços com níveis baixos, algumas faltas de água em desenvolvimento ou iminentes; restrições voluntárias de uso de água solicitadas;
- S2 - Seca Grave: Perdas de cultura ou pastagens prováveis; escassez de água comuns; restrições de água impostas;
- S3 - Seca Extrema: Grandes perdas de culturas, pastagem; escassez de água generalizada ou restrições;
- S4 - Seca Excepcional: Perdas de cultura, pastagem excepcionais e generalizadas; escassez de água nos reservatórios, córregos e poços de água, criando situações de emergência.
Chuvas no Ceará
O Ceará tem vivenciado uma quadra chuvosa com volumes positivos. Em fevereiro e março as precipitações registradas ficaram acima da média. Em fevereiro, enquanto o esperado para o mês era um acumulado de 121,3 milímetros, o observado foi 230,6 mm. Em março, enquanto a média histórica é de 206,5 mm, choveu 233,5 mm. Neste mês, o esperado era 190,7 mm e já choveu 193,7.
Mas, para ser acima da média, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) aponta que é preciso alcançar 233,56 mm.
No prognóstico divulgado pela Funceme em janeiro, para os meses de fevereiro, março e abril, a maior tendência, com 45% de chances, era de chuvas abaixo da média. Na época, havia uma grande projeção de que a influência do El Niño, aquecimento do oceano Pacífico, geraria um ano de seca no Ceará. Mas, fevereiro e março tiveram chuvas acima do esperado.
Em abril, no novo prognóstico divulgado pela Funceme, o Ceará tem 40% de probabilidade de ter chuvas dentro da média nos meses de abril, maio e junho. No atual cenário, o Estado tem 69 açudes sangrando, dos 157 monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).