Mais calor e menos chuvas devem marcar o último mês da quadra chuvosa no Ceará; entenda

Média de precipitações em maio é a metade de abril e os próximos dias devem ser de sol

O cearense deve ter mais dias de céu limpo e calor neste começo de maio, mês que marca o fim da quadra chuvosa no Estado, após um período de precipitações intensas. As chuvas devem se despedir com a redução do volume e das cidades atingidas, como avalia a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). 

Para se ter uma noção desse movimento, antes do início de maio, a chuva mais expressiva no Estado aconteceu no dia 27 de abril, quando a média foi de 28,2 milímetros (mm). Naquele dia, a Meruoca, no Litoral Norte, teve uma chuva de 189 mm.

As médias diárias de chuvas em todo o território, nos primeiros dias deste mês, não atingiram nem mesmo 10 mm. Algumas chuvas mais localizadas, no entanto, foram registradas de forma intensa. Em Pires Ferreira, na Ibiapaba, foram 115,2 mm nesta quarta-feira (3).

Maio, historicamente, tem uma redução acentuada das chuvas. Enquanto em abril, a normal histórica é de 188 mm, em maio o valor cai para a metade, com 90,6 mm. Neste ano, todos os meses ficaram dentro da normal e março, com 300 mm, superou o valor médio de 203.4 mm.

Esse contexto de dias sem chuvas e alguns eventos mais rápidos de precipitações devem continuar neste mês, como analisa Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Funceme

“Pode ter algum ou outro evento de volumes maiores, mas a tendência para o mês de maio é uma redução mesmo na ocorrência desses eventos extremos e as chuvas, de um modo geral, serem mais passageiras”, detalha.

Para os primeiros dias, a tendência indicada pelos modelos é essa: vai chover, mas precipitações em menores volumes e localidades
Meiry Sakamoto
Gerente de meteorologia da Funceme

Isso acontece porque a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é o principal sistema indutor de chuvas no Ceará, está próximo da Linha do Equador. Ou seja, as nuvens desse sistema, que fica no Oceano, estão distantes.

“É o que explica porque as chuvas diminuíram aqui no Estado. Daí, temos condições mais estáveis com céu azul e, como hoje, um sol para cada um. Bem quente”, brinca Meiry sobre o calor forte em Fortaleza.

Apesar disso, a quadra chuvosa ainda não acabou oficialmente. Nestes dias, as chuvas se concentram na região do Cariri.

“A gente teve alguns municípios com os maiores registros, com cerca de 70 mm, choveu no Cedro e no Crato, mas não foi no Estado como um todo”, pondera sobre os dois últimos dias.

Chuvas até agora

O prognóstico das chuvas no Ceará, divulgado pela Funceme em janeiro deste ano, se concretizou nos meses de fevereiro, março e abril. A soma dos volumes destes 3 meses chegou a 590 mm, ou 17% superior à normal, que é de 510 mm.

Neste período, março foi o mês de destaque com cerca de 300 mm de chuva, que é algo em torno de 47,5% maior do que a normalidade. Esse foi o março mais chuvoso dos últimos 15 anos.

“Isso não foi homogêneo, a distribuição das chuvas é irregular por ser no semiárido e nesse ano foi bastante irregular tanto no tempo como no espaço”, pondera Meiry Sakamoto. As chuvas começaram de forma esparsa em fevereiro e março.

As áreas que receberam mais chuvas foram mais próximas da Faixa Litorânea. Na região do Litoral Norte choveu 28% acima, no Maciço de Baturité 26% acima, então são regiões que o volume acumulado na soma dos 3 meses ficou acima da média
Meiry Sakamoto
Gerente de meteorologia da Funceme

“Em março o acumulado ficou acima da média, mas não choveu todo dia. As chuvas, efetivamente, começaram a partir do dia 13 de março. Daí, choveu todos os dias e com algumas localidades com mais de 100 mm de chuva”, detalha.

Por causa da intensidade, o Ceará registrou deslizamentos, alagamentos e até mortes relacionadas às chuvas em março. Foram 7 pessoas mortas, 2.994 desabrigados ou desalojados e 20 municípios em situação de emergência até esta quarta (3), conforme o Boletim Integrado de Ações de Apoio aos Cearenses Afetados pelas Chuvas.

Por outro lado, essas precipitações tiveram impacto positivo sob os reservatórios de água no Estado. No dia 1º de março, apenas 6 açudes estavam sangrando e esse número subiu para 46 no último dia daquele mês, conforme o monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

Já em abril, as chuvas começaram a reduzir e essa deve ser a tendência. “Começamos fechar dentro da média, mas veio diminuindo e esses primeiros dias de maio continuam nessa tendência”, reforça Meiry.