Ideb 2023: CE melhora índices de educação no Ensino Fundamental, mas Médio não atinge meta

Indicador nacional possibilita o monitoramento da qualidade do ensino pela população

Os números de 2023 do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador da qualidade do ensino no país, foram divulgados na manhã desta quarta-feira (13) pelo Ministério da Educação (MEC). Conforme os dados preliminares apresentados no evento, o Ceará apresentou uma melhora nos índices de educação no Ensino Fundamental, mas o Ensino Médio não atingiu a meta. 

Pela primeira vez, o levantamento é exposto sem comparação com metas predefinidas, já que elas só foram projetadas até o ano de 2021. No entanto, o MEC decidiu repeti-las para este ano.

Como a pesquisa é realizada a cada dois anos, este também é o primeiro Ideb divulgado após a edição de 2021, ano impactado pela pandemia da Covid-19, que interrompeu o crescimento histórico que os indicadores vinham tendo. Com a paralisação de aulas presenciais e a maioria de reprovações evitada, a qualidade do ensino foi comprometida.

O Ideb tinha metas diferentes para cada estado, município e escola, combinando informações de desempenho em provas de Língua Portuguesa e Matemática e taxas de aprovação ao fim de cada etapa de ensino: 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio.

Conforme o Inep, seguindo o exemplo nacional, o Ceará vivenciou movimentação de aproximação do Índice em relação a 2019, com tendência de crescimento. Nas demais etapas, houve tendência de estabilidade nos resultados.

O Estado obteve o melhor êxito da série histórica, iniciada em 2007, nos Anos Iniciais. O Estado atingiu nota de 6,6 - segunda melhor do país, atrás apenas do Paraná, com 6,7 -, superior à de 6,4 de 2019. Nacionalmente, nesta etapa, o Ideb previa nota 6,0. 

Nos Anos Finais, cujo ciclo se encerra no 9º ano, a tendência foi de estabilidade. Repetindo 2021, o Ceará também atingiu a meta nacional de 5,5, superior ao 5,4 alcançado em 2019. Nessa etapa, o Estado empatou com Goiás e Paraná.

Já o Ensino Médio, mais uma vez, não atingiu a meta. Segundo o MEC, a meta nacional para 2021 era de 5,2, mas nenhum Estado obteve sucesso. O Ceará ficou com nota 4,3, a mesma de dois anos atrás e inferior ao 4,4 de 2019.

Repensar as desigualdades

O ministro da Educação, Camilo Santana, comemorou o resultado dos Anos Iniciais e ressaltou que o MEC estimula a Política Nacional da Criança Alfabetizada na idade certa. Contudo, também reconheceu os problemas no fluxo dos Anos Finais do ensino fundamental e sobretudo no Ensino Médio.

"O desafio é não perder quem entra na escola. Perdemos 30% dos estudantes no Ensino Médio. Por isso precisamos garantir equidade e a inclusão de regiões mais distantes, principalmente as mais pobres. Por isso investimos no programa Pé-de-Meia, que garante frequência e aprovação", destacou. 

Segundo Camilo, como indutor e coordenador de políticas públicas, o MEC instituiu um grupo de trabalho para discutir um novo ciclo para o Ideb, conjugado com as metas do novo Plano Nacional de Educação (PNE), para nortear os passos seguintes da educação básica do país. O resultado deve ser apresentado até o fim deste ano.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palacios, complementou que, mesmo com reajustes, a ideia é que o Ideb continue guiando o desenvolvimento das políticas educacionais. Como bons exemplos, ele citou o investimento na alfabetização, nas escolas de tempo integral e no uso de novas tecnologias.

"Os estudantes precisam passar de ano e aprender. Essa é uma lógica simples que as escolas entendem e buscam", argumenta Carlos Moreno, diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, ao defender a simplicidade do Índice. 

Ele lembra a necessidade de políticas ajustadas às desigualdades brasileiras, lembrando que o acesso das populações ao ambiente educacional não é uniforme. "Nossa trajetória não é regular e se intensifica negativamente nos anos finais", atesta Moreno.

Anos anteriores

No Ideb 2021, o Ceará atingiu parcialmente a meta de aprendizagem. As séries do Ensino Fundamental superaram o objetivo, mas o Ensino Médio ficou abaixo do ideal.

Nos anos iniciais, o Estado atingiu nota de 6,3, maior do que a meta de 5,4 estabelecida para o ano, mas abaixo do 6,4 verificado em 2019. Nos anos finais, o desempenho foi de 5,5, superando a meta de 5,1 do ano e a nota 5,4 atingida dois anos antes.

Por outro lado, o Ensino Médio foi a etapa mais sensível. Pelo 5º Ideb seguido, o Ceará não superou a meta. A nota consolidada foi de 4,3, bem distante da meta de 5,1.

COMO É CALCULADO O IDEB?

A média padronizada dos estudantes é obtida a partir das proficiências médias em Língua Portuguesa e Matemática alcançadas na Prova Brasil ou no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

A nota é utilizada como indicador de qualidade educacional desde 2005. Em 2007, entraram em vigor metas a serem alcançadas a cada nova edição, divulgada a cada dois anos pelo Inep. Contudo, elas só foram estabelecidas até 2021.

PARA QUE SERVE O IDEB?

O Ideb auxilia no monitoramento do sistema de ensino do País através do diagnóstico e norteamento de ações políticas. Ele contribui para:

  • detectar escolas e/ou redes de ensino cujos alunos apresentem baixa performance em termos de rendimento e proficiência;
  • monitorar a evolução temporal do desempenho dos alunos dessas escolas e/ou redes de ensino;
  • direcionar programas para promover o desenvolvimento educacional de redes de ensino em que os alunos apresentam baixo desempenho.