Estudantes do CE criam placa que se move em direção a raios do sol para gerar energia; veja imagens

Quase 80 estudantes do Estado vão à Brasília em competição de robótica educacional

De uma semente plantada por estudantes cearenses, criadores do projeto ‘girassol’, brota uma tecnologia para a produção de energia a partir de placas que acompanham o movimento do Sol, sem o uso de sensores. Além de gerar por volta de 30% a mais de energia, a solução pode baratear os custos para uso doméstico.

A iniciativa foi selecionada para participar do 5º Festival SESI de Robótica, em Brasília, do dia 15 a 18 de março. O equipamento funciona a partir de um algoritmo com o mapeamento da movimentação do Sol. Com isso, é gerada eletricidade por mais tempo.  

A turma é formada por 10 alunos do ensino médio – integrado aos cursos técnicos de eletrotécnica e de energias renováveis. Também participam dois técnicos, que são professores, da Escola Sesi/Senai Barra do Ceará.

Até chegar no protótipo, que será levado pelos próprios estudantes para a competição nacional, o grupo realiza pesquisa, busca apoio financeiro e logístico desde agosto do último ano.

Os estudantes pretendem implantar a tecnologia na própria escola, onde já existem placas solares instaladas, mas o objetivo é preparar o sistema para uso doméstico, como ressalta Emilly de Souza, de 16 anos, aluna do 2º ano de energias renováveis.

"Esse sistema existe em vários lugares, mas adaptamos para ser acessível no cotidiano das pessoas. Pesquisamos sobre o funcionamento do mecanismo, da estrutura em si, e adaptamos do nosso jeito", frisa.

Os competidores registram os dados de produção de energia para comprovar a eficácia do sistema. Além disso, procuram apoio de especialistas na área.

“No nosso processo de pesquisa, fomos atrás de vários profissionais, fizemos uma visita ao laboratório da Universidade Estadual do Ceará com pessoas que nos auxiliaram e entramos em contato com profissionais do interior para validar o nosso projeto”, completa Emilly.

Ter contato com esse tipo de energia e mecanismo nos coloca um passo à frente no curso, porque nós já precisamos colocar a mão na massa e temos uma familiarização com tema
Emilly de Souza
Estudante

Esse esforço conjunto resultou em melhorias na ferramenta. Entre elas, uma estrutura para evitar prejuízos com os ventos, como destaca Adelson Figueiredo, de 15 anos, do 2° ano do curso de eletrotécnica.

“Para melhorar a precisão dos cálculos, a gente fez um mapeamento solar por meio do transferidor, marcando com a sombra do palito, para ter uma ideia mais precisa de quantos graus precisaria mover dependendo do horário”, completa. Em geral, são 10º a cada 30 minutos.

No futuro, a gente pretende criar uma segunda versão, porque existem diversos trackers solares do mercado, mas a nossa é quatro vezes mais barata e voltada para residência
Adelson Figueiredo
Estudante

Outra intervenção deve ampliar a capacidade das placas solares “seguirem” os raios solares com a implementação de outro eixo. “O protótipo de eixo duplo é, justamente, para sanar esse problema da locomoção do Sol, que é a mesma ideia”, completa.

Expectativa pela competição

Os estudantes viajam essa semana para Brasília, onde devem conhecer outros competidores e as inovações criadas por gente do País inteiro. Nesse processo, a turma é incentivada a trabalhar bem em equipe e valorizar, por exemplo, a diversidade de gênero.

“Sou aluno de eletrotécnica e ter pesquisado me deu muito mais conhecimento da minha área e despertou a curiosidade para saber mais. É algo incrível mesmo”, comenta Adelson, deixando evidente a empolgação.

A habilidade de articulação para tornar o objetivo real também é treinada pelos participantes, como reflete o técnico da equipe Thiago Souza, que vai acompanhar os meninos e meninas em Brasília.

“Nós precisamos de placas e os estudantes foram atrás de patrocinadores, conseguimos conversar com um fornecedor que cedeu uma placa. Tivemos que apresentar, avaliaram o nosso projeto e deram feedbacks”, lembra sobre os meses de preparação.

Essa reta final, inclusive, também é de diversão. “Minha equipe está muito boa, mas sei que os outros também estarão muito bem. Então, a ideia é se divertir. Vamos dar o melhor e os resultados serão consequência do nosso trabalho árduo”, conclui Adelson.

A equipe também é formada pelos estudantes Ana Dávina Freitas, Eliaquim Pinho, Emanuele Lopes, Gabriel Lima, Graziely Cordeiro, José Miqueias da Silva, José Phelipe Cruz e Marcos de Sousa.

Uma empresa privada também incluiu a solução tecnológica cearense numa disputa interna para incentivo financeiro.

Evento

O evento de robótica educacional acontece com o tema “Energia” e será realizado no estádio Mané Garrincha, em Brasília, com a participação de quase 100 pessoas do Ceará. A maioria dos estudantes são do ensino Fundamental e Médio.

Ao todo, mais de 2 mil estudantes compõem as 244 equipes da rede de escolas SESI SENAI e de instituições públicas e privadas, representando os 27 estados da federação. São 10 equipes cearenses, com 79 estudantes.