Representantes de 34 municípios cearenses recebem formação para promover uma infância antirracista, promovida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), entre essa segunda (1º) e quinta-feira (4). A iniciativa “Primeira Infância Antirracista” (PIA), voltada para crianças negras e indígenas, abrange uma área onde vivem cerca de 400 mil pessoas de 0 a 6 anos.
O projeto do Unicef acontece em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, as Secretarias da Proteção Social e da Igualdade Racial, do Governo do Estado e a Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDMCE). Serão capacitados, pelo menos, 340 técnicos, como profissionais da saúde, educação infantil, assistência social e lideranças comunitárias, e gestores municipais.
Os municípios participantes foram escolhidos a partir da identificação de maior população negra e indígena. Na segunda (1º), as atividades acontecem em Fortaleza, na terça (2) serão no Crato, na Região do Cariri, e na quinta-feira (4) ocorrem em Sobral, no Norte do Estado.
AS OFICINAS PRESENCIAIS VÃO ABORDAR OS SEGUINTES TEMAS:
- Impactos do racismo no desenvolvimento infantil
- Branquitude (vieses inconscientes e identidades)
- Palestras com especialistas cearenses
- Grupos setoriais (saúde, educação infantil e assistência)
- Diagnóstico sobre as primeiras infâncias com foco em leituras raciais nos territórios participantes
- Análise de dados e discussão sobre as barreiras para implementação de práticas antirracistas
- Planos de atividades ou ações desenvolvidas em territórios e como o PIA pode ajudar
A estratégia do Unicef busca promover o desenvolvimento infantil pleno de crianças negras e indígenas, além de facilitar o acesso a serviços de atendimento qualificado para gestantes e suas famílias. A metodologia contempla suporte técnico e processos de mobilização das equipes municipais e de revisão dos Planos Municipais pela Primeira Infância (PMPI), partindo de um viés étnico-racial.
Maíra Souza, oficial de Primeira Infância do UNICEF Brasil, explica que a ideia é que o grupo elabore estratégias num plano de ação para as crianças e famílias.
"Ao longo dessa jornada formativa, a gente espera que os participantes saiam não só sensibilizados sobre os impactos do racismo no desenvolvimento infantil, mas também mobilizados para a ação", completa.
Todos os municípios do Ceará contam com planos municipais para a primeira infância, mas nem todos têm essa lente para questões étnico-raciais ou essa análise mais crítica
Luciano Ramos, consultor do Unicef, professor e especialista em cultura antirracista acrescenta que os planos municipais precisam ter um foco antirracista para mobilizar os profissionais das áreas da saúde e da educação, por exemplo. "Para o agora é uma ação imediata, para o médio e longo prazo é com a criação e o fortalecimento de políticas públicas estruturais no Ceará. A gente só consegue mudar uma sociedade assim", destaca.
Onde o PIA está no Ceará
A estratégia funciona a partir de 3 eixos: saúde, educação e assistência social. Durante o programa, os municípios devem avaliar os Planos Municipais da Primeira Infância (PMPI) – documento que norteia as ações voltadas para as crianças.
A ideia é entender o que pode ser melhorado nos planejamentos e colocar em prática os objetivos estabelecidos. A lista de municípios foi definida considerando onde há populações representativas para a assistência.
Municípios participantes:
- Acaraú
- Aquiraz
- Araripe
- Baturité
- Beberibe
- Brejo Santo
- Caucaia
- Crateús
- Crato
- Fortaleza
- Granja
- Horizonte
- Icapuí
- Iracema
- Itapipoca
- Itarema
- Maracanaú
- Mauriti
- Missão Velha
- Monsenhor Tabosa
- Novo Oriente
- Pacatuba
- Pacujá
- Poranga
- Porteiras
- Quiterianópolis
- Quixadá
- Salitre
- São Benedito
- São Gonçalo do Amarante
- Sobral
- Tamboril
- Trairi
- Tururu