Outubro. Em plena época mais quente do ano, moradores de Iguatu, cidade do Centro-Sul do Ceará, foram surpreendidos com uma chuva de granizo neste fim de semana. "Está caindo gelo do céu", disse admirada uma moradora do Sítio Itans, enquanto gravava o evento que ocorrera por volta das 16 horas do último sábado (8).
Apesar de parecer ser incomum, a gerente de meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Meiry Sakamoto, explica que essas chuvas de granizo não são tão raras de acontecer, sobretudo em épocas de altas temperaturas, como as registradas entre os meses de setembro e dezembro no Ceará.
Para que este evento ocorra, é preciso a atuação da nuvem chamada "cumulonimbus", detalha Sakamoto. "Essas nuvens são caracterizadas por uma rápida extensa vertical. Em Iguatu, observamos uma longa nuvem, cujo topo chegou a quase 12 km", acrescenta Meiry.
Nesta altitude elevada, as temperaturas são bem baixas o que acaba gerando uma rápida mudança do estado físico da água de gasoso para sólido.
A combinação de fatores específicos, como forte circulação de ventos, umidade do ar e também o calor, convergem para a ocorrência dessas chuvas de granizo. "Analisamos que todos estes fatores estavam presentes em uma região específica de Iguatu, bem localizada, e isso acabou causando a chuva, que foi bem rápida, com duração média de 15 minutos", pontua Sakamoto.
As temperaturas e as correntes de ar contribuem diretamente para a solidificação da água presente nas nuvens, que, a partir da aquisição de um peso específico, precipita na superfície terrestre no formato de pequenos blocos de gelo.
Apesar de as chuvas de granizo terem potencial de causar danos às comunidades, com prejuízos sobretudo na agricultura, o evento em Iguatu não teve registrado nenhum impacto. Os blocos de gelos precipitados foram de tamanho inferior a 2cm de circunferência.
Previsão
Meiry Sakamoto antecipa que para os próximos dois dias (terça e quarta-feira) há indicativo de chuva - sem ser de granizo - fraca e passageira durante a madrugada e início da manhã na macrorregião do Litoral de Fortaleza, "em virtude da atuação de áreas de instabilidade oriundas do oceano Atlântico, bem como pela atuação da brisa terrestre".
Quando questionada se outras regiões cearenses poderão registrar chuva de granizo nas próximas semanas, a especialista diz ser preciso primeiro analisar as condições atmosféricas atuantes em cada localidade e, existindo a formação da nuvem "cumulonimbus", precipitações de granizo podem ser novamente verificadas.
"Em Iguatu há ainda outro fator que contribui para a ocorrência dessas chuvas [de granizo] que é a presença de pequenas e médias montanhas que circundam a região. Portanto, não podemos descartar eventos futuros", conclui a especialista.