Neste ano atípico, quando as chuvas já se estendem para além da quadra chuvosa, a La Niña deverá se estender ao longo de todo 2022 e, inclusive, atuar em 2023. A análise é do Somar Meteorologia e Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
No entanto, embora haja maiores possibilidades de chuvas no segundo semestre, diante da atuação desse fenômeno, é preciso monitorar quais as condições do Oceano Atlântico, pois a duração das precipitações depende dessa relação.
A probabilidade para o último quadrimestre do ano (setembro-outubro-novembro-dezembro) é de 55% de atuação da La Niña. Caso se concretize, esta será a maior duração do fenômeno desde 2012, quando se iniciou em 2010 e só terminou dois anos mais tarde.
A recente La Niña começou a atuar em julho do ano passado. Caso a probabilidade se confirme, ela entrará, em 2023, para o segundo ano de atuação.
O meteorologista do Inmet, Flaviano Fernandes, explica que há probabilidade de 95% de a La Niña permanecer até julho. O especialista, inclusive, antecipou ao Diário do Nordeste que há tendência de continuidade das chuvas, no Ceará, até meados de agosto.
Como atuam os fenômenos
O Ceará tem dois períodos distintos de maior ocorrência das precipitações: a pré-estação, entre dezembro e janeiro; e a quadra chuvosa, cujo intervalo se estende de fevereiro a maio. Em cada um dos momentos há a predominância de um fenômeno específico.
A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), na pré, e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) na quadra. No entanto, um fenômeno incide em ambos os períodos: a La Niña (ou o El Niño, sistema oposto).
A La Niña é o esfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Quando ela está atuando, aumentam as chances de ocorrência de chuvas em uma porção do Brasil, que contempla o Ceará.
No biênio 2010-2012, as chuvas anuais ficaram abaixo da média. Mas, então, por qual razão as precipitações ficaram aquém mesmo com a ocorrência da La Niña? Flaviano explica que apesar de "a La Ñina impulsionar a ocorrência de chuvas, ela depende também do Oceano Atlântico".
No período recente mais longo, anterior a 2010-2012, o qual contou com o aquecimento do Oceano Atlântico, as chuvas no Ceará foram positivas. Entre 1998 a 2001, a La Niña estendeu sua atuação e, somente em 2001, as precipitações ficaram abaixo da média histórica.
Outras durações prolongadas da La Niña foram registradas entre 1954 a 1956 e entre os anos de1973 a 1976.
Neste ano, atualmente, as condições do Atlântico estão favoráveis à ocorrência de pluviometria. Desta forma, há previsão de continuidade das chuvas.
"O Oceano Atlântico tem característica diferente do Pacífico, ele pode mudar muito rapidamente, por isso as previsões só são possíveis ou viáveis em curtos períodos, entre um e dois meses", explica Flaviano.