Uma nova rodada de dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi divulgada nesta sexta-feira (25), revelando que o Ceará é o 5º Estado do Brasil com maior proporção de domicílios chefiados por mulheres. Ao todo, elas são responsáveis por 157 mil moradias a mais do que os liderados por homens.
Os números fazem parte do estudo “Composição domiciliar e óbitos informados: Resultados do universo”. Ele considera que a formação da “unidade doméstica” se dá pela relação de parentesco ou convivência com o responsável, assim indicado e reconhecido pelos demais membros da referida unidade como tal.
O IBGE contabilizou cerca de 3 milhões de domicílios no Estado. Desse total, 1.589.668 eram liderados por mulheres (52,6% do total), enquanto em 1.432.549 tinham um homem como principal responsável.
A novidade inverte uma relação aferida pelo Censo anterior, realizado em 2010. Naquela ocasião, os homens lideravam 1.432.193 domicílios (pouco mais de 60% do total da época), contra 937.618 chefiados por mulheres.
Na comparação entre os Censos, o crescimento feminino nesse quesito foi de quase 70%.
Cenário nacional
Conforme o Instituto, a média nacional de domicílios liderados por mulheres cresceu de 38,7%, em 2010, para 49,1%, em 2022. No último levantamento, das 27 unidades federativas, 10 têm maior percentual de liderança feminina:
- Pernambuco: 53,9%
- Sergipe: 53,1%
- Maranhão: 53%
- Amapá: 52,9%
- Ceará: 52,6%
- Rio de Janeiro: 52,3%
- Alagoas: 51,7%
- Paraíba: 51,7%
- Bahia: 51%
- Piauí: 50,4%
Vale destacar que, destes, oito pertencem à região Nordeste.
No Amazonas, a proporção ficou exatamente igual, em 50%. Por outro lado, os Estados com menor percentual de unidades com mulheres responsáveis foram Santa Catarina (44,6%) e Rondônia (44,3%).
O IBGE considera que essa análise por sexo “mostra uma mudança importante em relação a 2010, pois, nesse Censo, o percentual de homens responsáveis (61,3%) era substancialmente maior do que o percentual de mulheres (38,7%)”.
Características por raça dos domicílios
A pesquisa também detalhou outros quesitos dos responsáveis no Ceará. Repercutindo o Censo anterior, pessoas pardas são as principais líderes dos domicílios, seguidos por brancos e pretos. No entanto, a composição mudou:
- Pardos: de 1.436.672 (60%) para 1.955.673 (64,7%)
- Brancos: de 749.271 (31%) para 789.359 (26%)
- Pretos: de 144.530 (6%) para 258.038 (8,5%)
Considerando que o IBGE considera que pardos e pretos formam o conjunto de “negros”, o percentual cearense desse grupo populacional subiu de 66% para 73,2%.
Além disso, a presença indígena mais do que duplicou. Em 2010, eram 5.885 domicílios chefiados por uma pessoa pertencente a alguma etnia originária. Em 2022, esse número cresceu para 13.719.
Por outro lado, houve decréscimo de quase 85% da população amarela no Estado, caindo de 33.430, há 12 anos, para 5.111.
Mais idosos chefes de domicílios
Outro fator importante que merece ser considerado é que cresceu o número de domicílios cujo responsável principal é um idoso com 60 anos ou mais de idade. Em 2010, eram 550.807; atualmente, eram 778.726.
Na outra ponta, um dado caiu, mas ainda é alarmante: em 2010, 13.752 lares cearenses tinham um adolescente de 12 até 17 anos como responsável; em 2022, o IBGE aferiu 10.658.
Conforme o IBGE, o número médio de moradores no Brasil é de 2,8 pessoas, “um reflexo do processo da queda da fecundidade que vem ocorrendo sistematicamente no País nas últimas décadas e do envelhecimento populacional”.