Após o surto gastrointestinal que atingiu mais de 700 funcionários, uma análise do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) identificou a presença de bactérias e vírus infecciosos na comida e na água da fábrica calçadista Coopershoes, em Morada Nova. A presença dos organismos teria motivado os sintomas como náusea, vômito e diarreia.
A disseminação dos quadros de infecção intestinal acontece no último dia 14 de novembro, quando centenas de trabalhadores do empreendimento deram entrada em unidades municipais de saúde com estado semelhante. Diante do cenário de surto, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) foi acionada.
Contaminação fecal na água
Os testes realizados pelo Lacen constataram a existência de patógenos de importância para a saúde pública em materiais fornecidos pelo empreendimento aos trabalhadores.
Na avaliação da água, foram detectadas bactérias do grupo coliformes totais e Escherichia coli, que indicam contaminação fecal do material. Já nos alimentos analisados, o laboratório identificou a presença das bactérias Bacillus cereus e Estafilococos coagulase.
Todos esses microorganismos podem causar quadros de Doença de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA), que, conforme o Ministério da Saúde, inclui sintomas como:
- Náusea;
- Vômito;
- Dor abdominal;
- Diarreia;
- Falta de apetite;
- Febre.
Água estaria infectada antes de chegar ao local, diz fábrica
Em nota ao Diário do Nordeste, na manhã desta quinta-feira (28), a empresa manifestou estranheza em relação aos resultados da análise, pois, segundo ela, não teria sido notificada oficialmente sobre o caso.
No comunicado, a Coopershoes detalhou que conduziu uma investigação paralela à dos órgãos públicos e o laboratório contratado identificou que a água já estava contaminada antes de chegar às instalações da fábrica de Morada Nova.
O empreendimento destacou que a água utilizada na fábrica, até a data em que os primeiros casos foram identificados — tanto para consumo quanto para o preparo dos alimentos — provinha do fornecimento de água pública do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), órgão que abastece o município.
Segundo a Coopershoes, "na comunidade local, foram registrados inúmeros casos de pessoas apresentando sintomas semelhantes sendo atendidos pelas UPAs, o que reforça que a contaminação não se restringiu apenas ao ambiente da fábrica".
A empresa ainda reiterou que, ao tomar conhecimento dos casos entre os funcionários, "imediatamente comunicou os órgãos competentes e tem colaborado integralmente com todos os pedidos de informações e inspeções desde então".
Surto foi contido
Ao ser acionada, a Sesa, de início, já suspendeu o uso de bebedouros na empresa e determinou a utilização de água engarrafada. Então, técnicos realizaram uma investigação epidemiológica no local, com inspeção sanitária e entrevistas com mais de 400 funcionários.
Foram coletados, em conjunto com equipes do Município, amostras de água, de alimentos e de material biológico de pessoas que apresentavam sintomas da infecção. Com as medidas de contingenciamento, o surto foi contido.
Processo administrativo sanitário
O Município de Morada Nova recebeu os laudos gerados pela análise do Lacen e todas as orientações necessárias da Secretaria.
A empresa Coopershoes será autuada e responderá a processo administrativo sanitário (PAS), conforme a Pasta estadual.