Após a severa onda de casos de Covid e de gripe no Ceará, a quantidade de pacientes atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza tem caído: em fevereiro, o fluxo foi 82% menor se comparado a janeiro, pico da 3ª onda de coronavírus.
Só no primeiro mês de 2022, as 12 unidades de saúde da Capital somaram quase 38 mil atendimentos por síndromes gripais, dos quais 7.960 foram de pacientes que testaram positivo para Covid.
No mês seguinte, os números caíram de forma significativa, com 6.912 atendimentos de pessoas com sintomas de gripe, das quais 913 saíram com diagnóstico de infecção por coronavírus.
Os dados são do Integra SUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), atualizados até o início de março. As UPAs do Jangurussu, José Walter e Conjunto Ceará atualizaram as informações pela última vez em 12 de fevereiro.
Somente na primeira semana de janeiro, as UPAs receberam 9.680 pacientes com sintomas gripais, 877 deles com Covid. O fluxo começou a cair desde o dia 23 daquele mês, e segue em queda semanalmente.
Esse movimento acontece por uma transmissão viral que atingiu muitas pessoas ao mesmo tempo e, como isso, há a queda de suscetíveis - grupo que ainda pode ser contaminado pela doença. Mas a vacinação exerce um papel crucial nisso.
“Com a vacina, os casos ficaram menos graves, e as pessoas que adoeceram não sentiram necessidade de ir para a UPA, porque não tinha urgência”, explica a médica infectologista e professora na Universidade Federal do Ceará (UFC), Mônica Façanha.
A alta cobertura vacinal também também pode evitar o surgimento de outras variantes do coronavírus. “A gente precisa nesses dias de observação ter esses cuidados, ficar atento para ver se realmente os atendimentos não aumentaram e torcer para não aparecer nenhuma cepa nova resistente a vacina", pondera.
Impactos do Carnaval 2022
As celebrações do Carnaval não aconteceram com a mesma intensidade dos anos anteriores à pandemia, mas a redução na transmissão em feverereiro abriu margem para eventos sociais.
“A gente ainda não saiu do risco total dos encontros do carnaval, porque a gente está com pouco mais de uma semana que acabou”, analisa Mônica Façanha. Ainda assim, a médica observa o cenário epidemiológico com otimismo por não haver aumento dos casos mesmo com festas privadas.
Aparentemente ainda não teve repercussão nenhuma desses encontros e a gente espera que continue assim. A tendência é que, se continuar desse jeito, vamos ter mais liberdade de se reunir e ir voltando, gradativamente, a vida normal
Isso reforça os resultados das vacinas e a importância de manter a adesão ao reforço dos imunizantes. “Vai sempre aparecer um grupo de pessoas que não estão imunizadas e que podem se infectar. Antigamente, quando a gente não tinha uma boa cobertura contra sarampo, a cada três anos tinha surtos”, exemplifica.