Os dias de agosto foram de menor movimentação de pacientes com síndromes gripais e Covid nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza. Entre os dias 1º e 26, foram registrados 6.739 acolhimentos médicos - número mais baixo do ano até o momento.
Os dados são do IntegraSUS, plataforma gerida pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), com informações das 12 UPAs da Capital atualizadas nesta sexta-feira (12). O balanço ainda será alterado com os registros dos últimos dias do mês e com o resultado de testes em análise.
Ainda assim, esse já é menor registro nas UPAs desde janeiro de 2022, quando foram 37.914 atendimentos. O aumento expressivo tem relação com a introdução da variante Ômicron do coronavírus no Ceará e a chegada do período de maior transmissão de gripes no Estado.
Na sequência, fevereiro marcou grande queda dos casos de síndromes gripais, com 8.122 pacientes recebidos nas UPAs. Os dados voltaram a subir em abril e maio, com mais de 15 mil casos, até chegar num novo "pico" em junho, com 29.120 atendimentos.
No período, o Ceará enfrentou a 4ª onda de Covid associada às subvariante mais transmissível da doença, BA.4 e BA.5. Desde julho, no entanto, há diminuição dos registros. Foram 12.763 atendimentos no último mês contra menos de 7 mil em agosto.
Entre as unidades de saúde, a UPA do Canindezinho (1.139), a UPA do Cristo Redentor (952) e a UPA do José Walter (802), foram as que mais receberam pacientes em agosto.
Na outra ponta, as UPAs do Bom Jardim (170), do Vila Velha (227) e do Itaperi (311), tiveram os menores números de atendimentos durante o mês. No período, foram necessárias 62 transferências de pacientes.
Perfil dos pacientes
Ao olhar mais de perto os pacientes com síndromes gripais no mês de agosto é possível perceber que as crianças são as mais atingidas. Os pequenos de 0 a 9 anos formaram grupo de 1.689 pacientes. Isso representa 25% do total.
As crianças menores, inclusive, ainda estão com baixo engajamento na campanha de imunização contra a Covid por causa da falta de doses repassadas pelo Ministério da Saúde.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, a médica pediatra Izabella Tamira destacou dois benefícios coletivos da vacinar os pequenos: a proteção das crianças e a queda na transmissibilidade do coronavírus.
“Apesar de ser um público dito como menos vulnerável, recentemente temos visto casos mais complicados de Covid em crianças. E temos a questão da transmissibilidade para os grupos de risco. Então, protegê-las é proteger também a população mais exposta”, explicou.
Testagem ainda é importante
Com a queda na transmissão da doença, o número de testes para identificação da infecção por coronavírus caiu no Ceará nos últimos meses. Agosto também é representativo nessa diminuição. Confira:
- AGOSTO
Número de exames: 28.202
Casos confirmados: 2.903
- JULHO
Número de exames: 168.667
Casos confirmados: 57.020
- JUNHO
Número de exames: 142.627
Casos confirmados: 64.220
O biomédico e mestre em Microbiologia Médica, Samuel Arruda, em entrevista ao Diário do Nordeste, ressaltou a necessidade de continuar monitorando o comportamento do vírus para entender se haverá estabilidade ou se novas variantes podem surgir.
“Há uma necessidade de mantermos um sistema de vigilância molecular desse vírus, testando rotineiramente, verificando na população como estão o surgimento dessas variáveis, sequenciando, para que a gente mantenha uma ideia de como ele está circulando na população”, detalha.
O especialista mantém a recomendação de testes diagnósticos para quem está com sintomas respiratórios, especialmente para aqueles que precisam viajar, para evitar o espalhamento do vírus entre outras populações.