“Vamos fazer um grande carnaval”, projetam blocos de Fortaleza para 2022

Carnavalescos estão otimistas com o anúncio de recursos pela Secultfor, mas festa presencial ainda não está confirmada e depende das condições sanitárias no período

Bastou a prefeitura de Fortaleza confirmar que estava preparando o edital do Pré-Carnaval de 2022 para o WhatsApp de Raimundo Nonato começar a receber centenas de mensagens em comemoração. Coordenador do bloco A Turma do Mamão, em atividade desde 1975 nos bairros Moura Brasil e Jacarecanga, e membro da Associação Cultural das Entidades Carnavalescas do Ceará (Acecce), ele e os demais brincantes celebraram o anúncio tão esperado em 2021.

Por isso mesmo, cedo da manhã desta quarta-feira (3), o carnavalesco já estava a postos na sede da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), em busca de mais detalhes, que só chegaram no começo da tarde. "Apesar do edital ter começado a ser feito, ainda não é certo que ele será lançado", adianta.

Até porque, a realização da festa não foi oficializada pela Prefeitura de Fortaleza. Tudo vai depender da avaliação dos números relacionados à pandemia de Covid-19 daqui para frente.

“Mas estamos animados. Temos fé que o carnaval vai acontecer em 2022. A gente acompanha também os outros estados, Rio, Bahia, e vê que todos já estão se organizando”, comenta.
Raimundo Nonato
Coordenador do Bloco A Turma do Mamão

Com os tradicionais ensaios realizados na praça Marcílio Dias paralisados desde 2020, a bateria do bloco voltou a se reunir apenas de agosto para cá, em estúdio, mas a organização já vislumbra um retorno público. 

“Vamos fazer uma apresentação em hotel no próximo domingo e em dezembro já devemos voltar para a praça, com ensaios nos domingos à tarde”, explica.
Raimundo Nonato
Coordenador do Bloco A Turma do Mamão

A Turma do Mamão costuma reunir mais de 200 brincantes quando desfila na Avenida Domingos Olímpio, e, diante dos novos decretos publicados pelo Estado, os carnavalescos estão otimistas.

“A gente tá vendo o andamento. Nossos dirigentes estão estudando a pandemia e acho que a volta do público nos estádios já foi parâmetro para se pensar no réveillon e no pré-carnaval”, analisa, ciente de que, apesar desses avanços, muitos protocolos ainda são necessários. “Não vai ser como antes, até porque ainda tem muita gente com medo”, reflete Raimundo.

Vacinação

Igualmente com as atividades paralisadas pela pandemia, a turma do Camaleões do Vila, que desfila na Praia de Iracema, fez o primeiro ensaio de 2021 há duas semanas. Com a possibilidade de realização do ciclo em 2022, as articulações já ganharam fôlego.

“O anúncio do edital deixou todos mais animados. Vamos intensificar os ensaios neste fim de ano e acreditamos que vamos fazer um grande carnaval”, pontua o presidente do bloco, Tiago Nóbrega, que contabiliza cem ritmistas atualmente.

Entre os critérios que ele considera importantes para a realização da festa na rua, a imunização da população é o principal.

“Para acontecer, é primordial que todos tenham as duas doses. É uma questão de responsabilidade com o próximo”, evidencia.
Tiago Nóbrega
Presidente do Camaleões do Vila

Segurança

Com um discurso ponderado, o organizador do bloco Concentra mas não sai, Marcus Vinícius de Oliveira, acredita que o anúncio da Prefeitura é “arriscado”. 

“Eles anunciaram sem ter nada pronto, definido. Dizem que vai ter, mas não sabe como. O edital tem que sair agora em novembro mesmo para dar tempo organizar, mas dependendo da situação, se cancela. Uma das preocupações é o controle do público, se vai ser liberado, já que todos trabalham em rua, praça”, observa.
Marcus Vinícius
Organizador do Bloco Concentra mas não sai

Em 2022, a agremiação que Marcus Vinícius coordena chegará aos 18 anos de existência, 12 deles com apresentações na Praça do Ferreira.

“Vamos aguardar o edital, porque ele tem a vantagem da questão financeira para os blocos. A maioria precisa dos recursos, porque poucos têm patrocínio, e esse apoio, para além da questão cultural, incentiva o mercado, a economia criativa. Não é só a festa. Um bloco na rua leva muito mais gente, alimento, bebida, fantasias”, projeta.

Para o carnavalesco, a dose de otimismo vem acompanhada da preocupação com a segurança e os protocolos sanitários em um cenário ainda incerto.

“Se a Prefeitura e o Estado autorizarem, eles serão responsáveis pela ação, assim como nós, organizadores e brincantes também. Não vai ser como era antes, mas eu ainda não sei como será”, finaliza, certo de que ainda há muito a se pensar a respeito.