'Pura arte': Cearense faz sucesso fazendo pratos exclusivos (e lindos) para restaurantes

Vivian de Pontes Vieira, de 38 anos, utiliza a cerâmica para se expressar artisticamente e produzir utilitários para uso gastronômico

A paixão pelas artes vem da infância, mas foi especificamente na cerâmica que Vivian de Pontes Vieira encontrou o elo perfeito entre a criação artística e o trabalho profissional. Em Aquiraz, no Ceará, o ateliê da Bone Ceramics trabalha com a fabricação manual de acessórios e utilitários para chefs de cozinha, restaurantes e admiradores do design diferenciado na composição gastronômica.

A Bone Ceramics surgiu de um imprevisto: Vivian ficou sem um local de trabalho e começou a fazer peças pequenas, que poderiam ser feitas em casa e queimadas em um forno alugado.

Apesar das eventualidades, o projeto foi promissor e, hoje, o ateliê cria e executa produtos que valorizam a experiência sensorial, trabalhando apenas com mão de obra local.

Experimentação

A curiosidade de Vivian pelo fazer manual teve início na faculdade de Arquitetura e Urbanismo, na qual teve o primeiro contato com a técnica. No ateliê com nome inspirado em uma porcelana inglesa feita a partir de ossos, a produção da Bone Ceramics era, inicialmente, de peças decorativas e acessórios, como brincos e colares.

Contudo, foi desenvolvendo o trabalho dos utilitários para restaurantes e chefs de cozinha que a ceramista consolidou o nome na Capital cearense.

Quem primeiro apostou na ideia foi o chef Leo Gonçalves, do restaurante O Mar Menino, que já conhecia o trabalho em cerâmica de Vivian e resolveu propor para a artesã o desafio de produzir os primeiros pratos do estabelecimento.

“Quando ele estava viajando e pesquisando para abrir o restaurante, viu que a cerâmica artesanal e personalizada estava fazendo a diferença nos melhores restaurantes do mundo. Então, no desejo de desenvolver as louças do O Mar Menino, ele queria utilizar uma cerâmica de produção local, com personalidade cearense. Assim, até hoje somos parceiros e acabou que me deu a oportunidade de trabalhar com o que amo”, conta.

Na capital, a Bone Ceramics já criou peças para diversos restaurantes, como o Hortalícia, o Zoi e O Mar Menino, além de ter seu trabalho espalhado pela região. Em Jericoacoara, no Ello, na Casa Uca e no La Plage. Também em restaurantes em Mulungu, Juazeiro do Norte, Russas, No Piauí, no Mô e no Anisan. Agora, rema para outros estados.

Seja por meio de pratos, decoração ou acessórios, Vivian expressa sua singularidade artística por meio das técnicas artesanais.

“Cerâmica é prática e experimento. Cada ceramista acaba desenvolvendo suas técnicas e seus esmaltes, o que faz com que cada peça seja única”, afirma.

Detalhes e conceito em alta temperatura

Para além da utilidade, segundo a artesã, o ofício é também parte fundamental no processo de pensar a experiência gastronômica.

“Para que esta seja completa, todos os sentidos precisam ser estimulados. O prato entra no visual, apresentação, cuidado e carinho no servir”, afirma.

Entretanto, o processo vai muito além do desenvolvimento criativo. A partir da modelagem da argila, as ideias são literalmente queimadas para dar vida às peças de Vivian, que esclarece sobre a feitura.

“Na primeira queima, a 800 ºC, o barro se transforma em cerâmica, estando então resistente à água. Depois disso, as peças são esmaltadas e retornam para o forno para uma segunda queima, agora a 1250 ºC. Com essa temperatura, os minerais do esmalte fundem, criando uma camada vítrea que dá acabamento e cor às peças”.

O desenvolvimento das cerâmicas é feito especificamente para o uso na gastronomia, visando as ideias e necessidades de cada cliente e as executando “de forma totalmente artesanal e com personalidade”, como a própria empresa se descreve.

“Criamos peça a peça, de acordo com cada etapa do Menu. Personalizamos desde o formato até as cores”, explica Vivian.