Quando deixou a redação do Sistema Verdes Mares, em agosto de 2021, a repórter Marina Alves viu o próprio mundo mudar diante de um diagnóstico de linfoma, um tipo raro de câncer. Agora, anos depois dos tratamentos iniciais da doença, ela retornou, nesta quinta-feira (14), ao local onde trabalha há mais de 12 anos, dessa vez como visitante, definindo a experiência como algo "além das expectativas".
"Desde que recebi o convite, fiquei muito emocionada", disse a jornalista ao podcast 'A Vida é Delas', projeto apresentado por Taís Lopes e com estreia marcada no Diário do Nordeste e na Verdinha para o mês de abril. Marina é a primeira entrevistada do programa, que deve discutir temas femininos de forma aberta, mas aprofundada.
"Depois que a ficha caiu, que essa gravação seria aqui dentro da redação integrada, eu pensei: 'eu vou chorar certeza quando eu entrar lá'. Isso porque desde o dia 9 de agosto de 2021, quando eu passei mal, eu não entrei aqui nenhuma vez. Eu sabia que entrar aqui, rever todo mundo, iria me trazer essa emoção muito grande, mas foi além das minhas expectativas", emocionou-se.
A recepção de Marina foi repleta de sentimentos. Sob os aplausos dos colegas que acompanharam, de perto ou de longe, as batalhas enfrentadas nos últimos anos, ela chorou ao receber um buquê de flores como homenagem e discursos tocantes sobre a força que transpareceu desde o diagnóstico.
Novas batalhas
Para Marina, os dias têm sido complicados, mas o carinho externo e a força que mantém dentro de si funcionam como uma verdadeira bússola sobre qual caminho continuar seguindo. "Estou passando por uma fase difícil, sem dúvidas. As pessoas acham que está tudo bem, que depois do transplante eu já poderia voltar, por isso recebo tantas perguntas, mas não é assim. Graças a Deus consigo ter momentos de escape, mas minha saúde ainda está bem debilitada", relatou.
Atualmente, a jornalista está em um tratamento contra uma sinusite, doença comum que causa a inflamação das mucosas dos seios da face, e tem vivenciado uma série de internações para lidar com o quadro. Ela precisa refazer todo o esquema vacinal após o transplante de medula óssea, mas, por causa das frequentes idas ao hospital, só foi imunizada com duas vacinas.
"Ainda não fui liberada pela equipe médica para voltar, mas, com certeza, não vejo a hora para que isso aconteça", garantiu. Enquanto isso, ela tem aproveitado os momentos junto da família e amigos, com muito cuidado, sem contatos físicos, mas se energizando das melhores sensações sempre que possível.
Segundo Lumara Bezerra, irmã de Marina e responsável por doar a medula para o transplante, o momento de retorno à redação, ainda que para uma visita, já era citado como um dos mais emocionantes desta "retomada da vida".
"Quando ela falou comigo e contou sobre a vinda ao podcast, ela também citou que seria a primeira vez aqui desde o diagnóstico, e já ali meus olhos encheram d'água. Então, eu sabia que ela se emocionaria muito, porque tudo aqui é muito importante para ela", revelou Lumara, que também foi entrevistada por Taís Lopes.
Jornalismo
Com pouco mais de 12 anos de SVM, na entrevista, Marina comentou sobre a relação com o jornalismo: "Eu nunca tive dúvidas sobre a comunicação, desde o colégio. Passei, já cursei e nunca fiquei em dúvida sobre as outras áreas. Nem tinha tanto a questão da TV em mente, mas sabia que queria o jornalismo, e aqui eu me encontrei. Primeiro foi na produção e depois o desafio de ir para a rua. Aí que me encontrei completamente e disse: 'é isso que eu quero viver'", contou.
Sair da redação para o tratamento "foi uma mudança muito drástica", ela lembrou. "Mexeu muito comigo no começo, minha fé ficou muito abalada. Mas com o tempo eu fui melhorando e percebendo os 'para quês' e Deus fez grandes milagres na minha vida", citou, reforçando a forte relação que ainda mantém com o trabalho, algo que espera retomar assim que possível.
A conversa completa com Marina ainda será publicada, na íntegra, no DN.
'A Vida é Delas'
Comandado pela jornalista Taís Lopes, o podcast 'A Vida é Delas' tem estreia programada para o Diário do Nordeste no próximo dia 1º de abril. Já na rádio Verdinha, a estreia deve ocorrer no dia 6 abril, de 20h às 21h.
O produto terá como centralidade as mulheres, trazendo entrevistas para discutir assuntos diversos e relevantes na atual sociedade, como mercado de trabalho, sexualidade, corpo feminino e muito mais.